3 de nov. de 2015

Lou Reed - Transformer (Álbum e Documentário)


Por Natan Castro

A importância de um artista do quilate de Lou Reed para a geração dos 60 e 70 é gigantesca. Com o Velvet Underground eles sabiam, eles tinham a consciência do que representava o material dos três discos, Andy Warhol o maior artista da pop-art não estava errado quando resolveu acolher aqueles músicos, ele tinha a certeza como artista que era, que aquilo ainda que fora dos formatos pop do rock’n’roll de até então, era arte pura. Mas o Velvet Underground só reverberou entre a classe artística mais descolada, a turma da vanguarda. Em se falando de retorno financeiro o próprio Lou Reed relata que o que recebeu de direitos sobre esse período é irrisório em relação a sua carreira solo.

Quando resolveu gravar o seu segundo disco solo Transformer Lou Reed buscava o seu devido reconhecimento como grande artista que era. Mas para isso ele tinha a plena certeza que devia mudar as coisas, as experiências de vanguarda foram absurdamente valiosas, mas dali pra frente ele deveria tomar um novo rumo. O convite a David Bowie para produzir o disco foi acertadíssimo, David trouxe consigo Ronson outro grande alquimista da música pop daqueles anos.

Talvez uma das características mais marcantes da arte pós-moderna é o fato de sua matéria prima ser retirada quase que exclusivamente das experiências do cotidiano. Algumas vezes essas matérias primas vão ser resgatadas no inconsciente e ainda assim é fruto de experiências reais do dia a dia. Lou Reed é o precursor de uma crônica urbana no texto poético contido nas letras de rock’n’roll. Ele tinha dois monstros na produção, tinha a plena certeza do peso das letras que havia escrito para o disco, havia escolhido Londres para a produção e gravação. Sendo assim todos os cuidados tinham sidos tomados para o nascimento de um disco genial.

As temáticas das letras foram retiradas das suas experiências no período que morou e frequentou o ateliê de Andy Warhol, nesse local as experiências com arte de vanguarda envolvendo pintura e cinema foi ao limite daquilo que se podia alcançar com a criatividade. Os acontecimentos cantados nos versos das canções muito das vezes aconteceram com pessoas que Lou Reed nem conhecia, algumas somente de vista, mas relatos que ele ouvia sobre esses personagens eram usados por ele nas letras e foram elas que fizeram parte desse disco sensacional. Das canções do disco somente Wall On The Wild Side que foi baseada num livro do escritor Julien Green, as demais músicas foram compostas a partir dessas histórias escutadas por ele ou vivenciadas. Lou Reed foi o primeiro a descer os olhos para os bueiros, as esquinas esfumaçadas, o ambiente pesado das prostitutas, traficantes, viciados, trapaceiros e todo tipo de personagem ultrajante das grandes cidades, no caso de Lou Reed a cidade era Nova York.

O disco tem ainda grandes canções como Andy`s Chest e uma das músicas mais belas de todo o cancioneiro da música pop a belíssima Perfect Day. Por mais que ele tenha dado declarações que Transformer não passa de mais um disco em sua discografia, no fundo no fundo Lou Reed sabe que esse disco representou a transposição necessária que ele precisava para subir as escadas dos subterrâneos rumo as luzes incandescentes do panteão do rock.





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