“Por
volta de meados dos anos 90 estando em Londres a passeio, observei pinchado num
viaduto da capital Inglesa o nome da banda Sepultura, nesse exato momento eu tive
a verdadeira dimensão da importância que os irmãos Cavalera possuíam na música
pesada (Heavy Metal) em escala mundial, é bem verdade que eles conseguiram o
que ninguém da geração dos anos 80 do Rock Brasil conseguiu, sucesso para além
das fronteiras do Brasil.“ (Herbert Viana/ Paralamas do
Sucesso).
Muito desse reconhecimento e sucesso se deve
ao último álbum lançado pela formação clássica da banda, lançado em 1996 o
sexto álbum denominado “Roots” extrapolou todas as expectativas de fãs e
admiradores do quarteto referente aos rumos sonoros da banda. Diz a lenda que
anos antes os irmãos Cavalera foram alertados pelos “caboclos” (entidades
espirituais do candomblé, religião a qual a mãe dos Cavalera é adepta) que eles
produziriam algo voltado as raízes do Brasil. A inusitada junção de Metal com
as raízes étnicas do país formaram o viés inovador e pretensioso do disco,
ancestralidade brasileira com negros e índios pela primeira vez sendo citada
por uma banda de rock nacional, o que poderia soar como bem estranho ao final
do processo só fez demonstrar as imensas particularidades entre as duas coisas.
A banda e os índios |
Max Cavalera conta que a ideia veio depois de
assistir um filme em que o ator Tom Berenguer desce de paraquedas numa aldeia
de índios, nesse momento veio a ideia de passar alguns dias numa aldeia indígena
no meio do Brasil. Logo depois do sinal do verde da Roadrunner (Gravadora
Holandesa) os primeiros contatos começaram até que eles pousassem de avião na
aldeia dos índios Xavantes com uma equipe que envolvia técnicos e o produtor do
disco. Nos dias que passaram na aldeia os integrantes e a equipe jogaram futebol
com os índios, participaram do dia a dia da aldeia, comeram carne de anta e
claro puderam observar alguns rituais dos Xavantes. Ainda na aldeia eles
gravaram um canto dos índios com um arranjo de cordas e percussão da banda a faixa
foi colocada no disco com o titulo de “Itsári” que quer dizer Roots (Raízes).
Max Cavalera sendo pintado por um índio Xavante |
Por conta dessas informações e algumas outras
Roots marcou o apogeu da maior banda de rock pesado do Brasil de todos os
tempos e a primeira a alcançar sucesso em escala planetária. Outro fato curioso
sobre o disco é o relato do acontecido com o ex-baterista do Nirvana Dave Grohl, segundo ele certa vez ao colocar o
disco para ouvir antes de um ensaio da sua atual banda o Foo Fighters, a
porrada sonora do disco estourou diversas caixas de som recém compradas por uma
bagatela de 80 mil dólares. O disco vendeu até os dias atuais dois milhões de
cópias e na época do lançamento chegou a ficar no terceiro lugar dos mais
vendidos da Europa, batendo grandes nomes do pop como Madonna e Michael Jackson.
Apesar de ter sido o canto final da melhor e mais importante formação do
Sepultura, o disco continua mesmo depois de 20 anos do lançamento sendo
reconhecido por músicos, produtores e jornalistas especializados em música
pesada como um divisor de águas no Heavy Metal além de influenciar toda uma
leva de bandas que surgiram depois, bandas de New Metal e Nu Metal citam o
disco como influência direta nas suas formações.
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