ERA UMA VEZ A CENA
MUSICAL ALTERNATIVA DE SÃO LUIS-MA
Diferente do que o resto do
Brasil conhece o Maranhão não vive somente de nomes como Alcione, Zeca Baleiro
e o Reggae quando o assunto é música. Nos anos noventa o Maranhão ficou
conhecido nacionalmente e há quem diga mundialmente como a Jamaica Brasileira. Não
há dúvidas que o fenômeno das sound
systems (famosas radiolas) que teve seu auge nos anos noventa, ajudou o
estado a ganhar esse titulo. Bandas como Tribo de Jah, Mistical Roots e o
cantor Santa Cruz ajudaram no desbravamento do circuito reggae em âmbito nacional,
junto dos cariocas do Cidade Negra essa turma pode ser considerada os pais de
uma turma que apareceu tempos depois, dentre eles Natiroots, Mato Seco, Ponto
de Equilíbrio e outras bandas que hoje estão por ai.
Desde o final dos anos
noventa e inicio dos anos 2000, ainda que de forma timida uma cena vem se desenhando na capital ao longo de alguns anos. Desse período podemos citar
bandas como a Daphne, Paul Time, Los Boddah, Alcmena, Comportamento Estranho,
Face Oculta, cito essas para falar de bandas que tiveram certa representatividade
em circuitos de bares e casas noturnas da grande Ilha de São Luís. Por volta do
ano 2000 surge a banda de pop/rock Catarina Mina, a banda se apresentava como
trio, bateria (Eduardo Patrício), baixo (Bruno Azevedo), voz e violão (Djalma
Lúcio), com a Catarina Mina pela primeira vez uma banda de rock da capital
esboçou a possibilidade de atravessar as fronteiras do estado, era visível a
qualidade dos músicos, tanto na composição das letras, como nos arranjos e
presença de palco. Banda lançou em 2002 o EP As aspas Serão Explicadas Adiante, com esse EP conseguiram certa repercussão
entre o público alternativo da cidade. Pouco tempo depois a banda encerrou suas
atividades, alegando falta de lugar para tocar e nenhum apoio por parte da
classe empresarial, segundo disse um dos integrantes da banda em entrevista a
esse blog “Estávamos tocando por tocar,
nenhum tipo de contrapartida financeira por parte dos donos das casas shows e bares
nos era repassado, certo dia antes de um ensaio a banda acabou”. Até hoje a banda possui um número fiel de
admiradores que aguardam uma possível volta aos palcos de São Luís.
A facilidade da troca e
reprodução de áudios propagados pela internet 2.0, propiciaram no mundo inteiro
o fenômeno do aparecimento de diversos artistas e bandas que antes conseguiam
sequer terem suas demos-tapes divulgadas em seu próprio território. No maranhão
não foi diferente, diversos artistas e bandas saíram das garagens e da solidão
dos seus quartos para mostrarem a cara nas redes sociais. Se antes era quase impossível
uma banda sem expressão sair em um jornal impresso ou numa reportagem de TV,
agora a turma estava através de uma conta do Orkut, Facebook, Myspace mostrando
suas produções não somente para o Brasil, mas também o mundo inteiro. Não passava
de dez no máximo a quantidade de bandas que haviam lançado um disco no estado
antes desse fenômeno, é incontestável o aumento depois das produções de álbuns
que a internet propiciou com os softwares de gravação a valores mais em conta.
O Estado do Maranhão pode-se
dizer que foi o ultimo território do Brasil a se desvencilhar de uma das mais ridículas
oligarquias do país. A execrável influencia da família Sarney duraram exatos cinquenta
anos, e deixaram marcas indeléveis em diversos setores do estado do Maranhão. Na
cultura e na arte não foi diferente, a politica de “Pão e Circo” propagadas
durante anos pela família pode ser vista como um dos mais tristes capítulos da
recente história da cultura brasileira. Durante bastante tempo o estado que fora
no passado conhecido como a Athenas
Brasileira, devido a grande quantidade de intelectuais saídos de sua terra
para o resto do país, teve somente duas datas voltadas para a divulgação de sua
cultura e arte, eram elas o carnaval e o São João, o que é mais triste relatar
é que as duas sempre foram usadas como advento da dita politicalha. Foram diversos
os artistas que durante muitos e muitos anos tiveram seus trabalhos cerceados
por conta de uma medíocre politica cultural, que sempre serviu como espaço de
práticas eleitoreiras das mais vis possíveis. Com a derrota do clã Sarney no
ano de 2014 para o atual governo Flavio Dino, fez reacender na cabeça de uma
classe de artistas a possibilidade de viverem tempos mais verdadeiros no
fomento da arte e cultura em todo o estado do Maranhão.
PROJETO
CULTURAL SEBO NO CHÃO E SUA INCRÍVEL LUTA A FAVOR DO FOMENTO DE ARTE E CULTURA
NO ESTADO DO MARANHÃO
Existe hoje no Maranhão, um
grupo de pessoas totalmente preocupadas e voltadas para a divulgação de todo e
qualquer manifestação cultural. Na contramão dos acontecimentos um pequeno
grupo de amigos, capitaneados pelo escritor e agitador cultural Diego Pires
resolveram anos atrás acreditar num projeto onde se pudesse divulgar,
apresentar e representar arte na capital São Luís. Como testemunha dos primeiros
passos do projeto e um dos integrantes do embrião do que hoje é conhecido no
Brasil inteiro como o projeto Sebo no
Chão do Maranhão, posso contar que antes do projeto, existia outro que foi durante
certo tempo a possibilidade de escritores amadores terem um espaço na web para
publicarem seus escritos, esse espaço existe até hoje, o blog pontocontinuando abriu portas para diversos escritores que
nunca tiveram espaço algum em nenhum tipo de veiculo de comunicação, foram
diversos dentre eles o próprio Diego Pires, Paulo Dias, Natan Castro, Alexandre
Carneiro, Tammys Loiola, Quinzinho Ribeiro, Igor Café, William Washington, Mari
Rodrigues, Jaime J Junior e alguns outros. Porém os encontros dessa turma como
todas as reuniões culturais com o passar do tempo passaram a acontecer cada vez
menos. Nesse momento Diego Pires um dos membros fundadores do grupo teve a
ideia de em sua própria casa criar O Sebo no Chão, com o intuito de não deixar
o grupo se evadir totalmente, começaram as atividades do Sebo no Chão na casa
do escritor no bairro do Cohatrac, o nome veio da forma de como os livros eram
expostos no chão e oferecidos à venda, esses primeiros encontros sempre foram
regados a muito café e cigarros e discussões sobre musica, literatura e cinema.
Diego Pires
Diego Pires
Certo dia Diego Pires teve a
ideia de transportar os livros para a praça do bairro, aos poucos a venda dos
livros no chão foi atraindo diversos curiosos, com o passar do tempo, o projeto
foi abraçado por diversos colaboradores, quase sempre a turma das tribos
alternativas da cidade, roqueiros, punks, hippies, skatistas, universitários,
atores, atrizes, artistas e bandas em geral. O projeto depois de alguns anos
hoje é conhecido no estado e também fora dele por uma quantidade enorme de
pessoas, sempre um público voltado ao interesse dos assuntos culturais, hoje o
projeto além de fazer as vendas dos livros, já realiza lançamentos de livros e álbuns
de artistas e bandas independentes, além de divulgação de produções de cinema,
e varias outras manifestações culturais. Na vanguarda e na trincheira do debate
cultural o projeto só aumenta com o passar dos anos, acontece sempre nas noites
dos domingos na praça central do bairro do Cohatrac em São Luís do Maranhão. A importância
do projeto Sebo no Chão é seminal por descentralizar o fazer artístico que
antes ficava preso a região da Praia Grande de São Luís, local que possui um
importante conjunto arquitetônico com prédios do período da colonização no
Brasil, hoje o projeto é pioneiro também no mapeamento de novos artistas do
cenário musical da capital maranhense, e segundo os organizadores só tende a
crescer com as novas ações que estão sendo pensadas para um futuro bem próximo.
Blog Pontocontinuando www.ponto-continuando.blogspot.com.br
Fan page do projeto https://www.facebook.com/sebonochao?fref=ts
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Arte na praça
No Catarse
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