No inicio dos
anos 70 Raul era produtor da CBS e certo dia um artigo sobre discos voadores
lhe chamou a atenção ao lê-lo numa revista, Raul foi até a redação da tal
revista no intuito de conhecer o autor do artigo, chegando lá conheceu quem
havia escrito o artigo, era ninguém menos que Paulo Coelho a época metido com
produção de teatro e a edição de uma revista sobre assuntos místicos. A amizade
se consumou e logo depois os dois passaram a participar de uma sociedade
esotérica. Essa sociedade esotérica tinha seus princípios baseados nas obras do
bruxo e místico inglês Aleisteir Crowley, lá para as tantas a direção da
sociedade resolveu presentear os dois com um grande terreno em Minas Gerais,
onde supostamente seria construída a “Cidade das Estrelas” no local os dois
iniciariam a disseminação dos preceitos de algo que ficou conhecido como a
Sociedade Alternativa, uma sociedade onde todos os valores seriam invertidos, o
advogado seria o não-advogado, o delegado o não-delegado e por vai. Uma canção
foi composta pela dupla para sintetizar os ideais dessa nova ideologia, nos
shows Raul Seixas tinha o papel de divulgar para seus fãs do país inteiro
aqueles preceitos, a ditadura militar investigou sobre o assunto e resolveu
prender e deportar os dois para fora do Brasil. A letra é bastante
significativa, pois cita abertamente o nome do bruxo inglês que é conhecido
como uma das personalidades mais execráveis da história de todo o Reino Unido,
ainda assim influenciou e influência até hoje artistas e intelectuais de renome
ao redor do mundo.
Ainda na Bahia
Raul Seixas estudou e se formou em filosofia, durante toda a sua carreira ficou
bastante visível a influência da filosofia em diversos sucessos de sua
carreira. A música Rock do Diabo é tida como uma das músicas mais polêmicas do
artista, por dentre outras coisas afirmar que o diabo é o pai do rock. A letra
fala que enquanto Freud explica o diabo fica dando os toques, na verdade Raul
havia se apropriado de ideias de filósofos como Platão que dizia que os seres
humanos possuem em suma duas fortes influências em sua natureza, uma boa que
representaria o bem e uma má que representava o lado mal de nossa
natureza. Rock do Diabo é sem dúvidas uma das canções mais controversas do
Maluco Beleza.
Por volta de 1978
Raul Seixas passou uma temporada no interior da Bahia com o intuito de se curar
de uma pancreatite adquirida por conta de anos de abuso de álcool. Nesse
período Raul conheceu sua terceira mulher Tania Mena Barreto, o disco Mata
Virgem foi lançado nessa época e representa um momento atípico na discografia
do cantor, com canções voltadas às raízes sonoras do sertão, como baião e o
forró. A canção Mata Virgem é de uma beleza poética ímpar, nela Raul Seixas
trata dela Tania Mena Barreto, diz a lenda que quando a conheceu ela era
virgem, a letra trata do encontro através de um viés poético, a canção é tida
como polêmica por conta dessa informação, segundo outra letra desse período chamada
Baby a musa inspiradora tinha apenas 13 anos quando conheceu e passou a viver
com Raulzito Seixas.
Um dos maiores
sucessos da carreira do baiano Rock das Aranhas faz parte das canções polêmicas
com certo teor de sarcasmo. Na letra Raul trata do assunto do homossexualismo,
mais precisamente o lesbianismo, sempre oferecia a música nos shows para as
cantoras brasileiras declaradamente homossexuais. Das varias vertentes musicais
existentes no seu trabalho Rock das Aranhas aparece como uma das mais
emblemáticas e polêmicas.
A
Maçã é de longe a música mais instigante de todo o cancioneiro do Maluco
Beleza. Apesar de passar despercebida por muitos a junção de poesia e melodia
de nuance barroca, serve de estrutura para um formato que esconde um sentido
muito mais amplo nas entrelinhas de seus versos. O titulo faz alusão aos
relatos bíblicos do livro do Gênesis, a fruta da perdição do Jardim do Éden.
Raul faz uma analogia a genitália feminina e todos os desejos, desejos esses
diversas vezes incontroláveis da natureza humana. No trecho “Quando jurei meu amor eu traí a mim mesmo,
hoje eu sei, que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez”, o
compositor se despe de todo e qualquer tradição machista ou similar para
afirmar que o amor entre homem e mulher só é pleno, quando exercido de forma
aberta pelos dois lados. Trazendo essa informação para a vida pessoal de Raul
Seixas, fica bastante visível o quanto ele levava a sério. A Maçã ainda que a
grande maioria não perceba é o texto mais instigante e polêmico da carreira
desse grandessíssimo artista.
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Let´s rock baby