13 de mai. de 2016

AINDA SOMOS OS MESMOS (Tributo Belchior)



Por Natan Castro

Diriam alguns o mundo não é mais o mesmo, a tecnologia muda tudo da noite para o dia e isso é uma das poucas certezas dessa frágil contemporaneidade. Com a morte de muitas ideologias e surgimento de outros parâmetros com opiniões pueris empoeiradas de bits, hashtags e coisas afins. O mundo de fato não é mais, quando deveria somar e não diminuir, as vicissitudes da história continuam por ai fome, corrupção, drogas e fundamentalismo religioso.

Um artista filho de uma outra geração nos trouxe em sua bagagem desgastada de nordestino um set-list de canções atemporais lá pelos loucos anos setenta do século passado. Belchior foi um dos integrantes da dita Turma do Ceará que meteu a cara na estrada e rumou ao sul do pais em busca de melhores condições artísticas. Eles chegaram suados pelo suor escaldante do clima do Ceará, fizeram parte da segunda leva de nordestinos, o pessoal da Bahia já havia desembarcado no Rio/Sampa nos idos da década de sessenta.

Da turma Belchior possuía no discurso os temas ultra pessoais, com uma capacidade absurda de poetizar as crônicas das experiências pessoais e diárias, Belchior presenteou o cancioneiro brasileiro com belíssimas canções, verdadeiros hinos que se entranharam no inconsciente coletivo do povo brasileiro. Clássicos como Medo de Avião, Como Nossos Pais, Todo Sujo de Batom, Um Rapaz Latino Americano, A Palo Seco, podem ser constantemente vistas sendo cantaroladas por gente como o porteiro do condomínio ao executivo do banco habituado a ouvir boa música regado a goles de cerveja nas sextas-feiras da vida.


É bem verdade que nos últimos anos Belchior tenha se afastado do Status-Quo, feito um ermitão tem se escondido em casas de amigos, buscando uma espécie de distancia existencial tão necessária em mentes de artistas seminais como ele. A coletânea em questão só aumentou o brilho por sobre a personalidade do artista, são diversos clássicos de sua carreira interpretados por novos e talentosos nomes do rock alternativo nacional, com arranjos e interpretações algumas vezes modificadas, as versões só nos fizeram perceber o quanto a qualidade da obra de Belchior ainda é premente e reveladora, com produção do jornalista Jorge Wagner a coletânea foi lançada pelo site musical Scream & Yell, e não nos resta dúvidas aqui lembrar que vale muito a pena adentrar o imaginário poético de Belchior através dessas canções atemporais de sua autoria.


                              

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