Por Natan Castro
Diriam alguns o mundo não é mais o mesmo, a tecnologia
muda tudo da noite para o dia e isso é uma das poucas certezas dessa frágil
contemporaneidade. Com a morte de muitas ideologias e surgimento de outros parâmetros
com opiniões pueris empoeiradas de bits, hashtags e coisas afins. O mundo de
fato não é mais, quando deveria somar e não diminuir, as vicissitudes da
história continuam por ai fome, corrupção, drogas e fundamentalismo religioso.
Um artista filho de uma outra geração nos
trouxe em sua bagagem desgastada de nordestino um set-list de canções
atemporais lá pelos loucos anos setenta do século passado. Belchior foi um dos
integrantes da dita Turma do Ceará
que meteu a cara na estrada e rumou ao sul do pais em busca de melhores
condições artísticas. Eles chegaram suados pelo suor escaldante do clima do
Ceará, fizeram parte da segunda leva de nordestinos, o pessoal da Bahia já
havia desembarcado no Rio/Sampa nos idos da década de sessenta.
Da turma Belchior possuía no discurso os temas
ultra pessoais, com uma capacidade absurda de poetizar as crônicas das experiências
pessoais e diárias, Belchior presenteou o cancioneiro brasileiro com belíssimas
canções, verdadeiros hinos que se entranharam no inconsciente coletivo do povo
brasileiro. Clássicos como Medo de Avião,
Como Nossos Pais, Todo Sujo de Batom, Um Rapaz Latino Americano, A Palo Seco, podem ser constantemente vistas
sendo cantaroladas por gente como o porteiro do condomínio ao executivo do
banco habituado a ouvir boa música regado a goles de cerveja nas sextas-feiras
da vida.
É bem verdade que nos últimos anos Belchior
tenha se afastado do Status-Quo, feito um ermitão tem se escondido em casas de
amigos, buscando uma espécie de distancia existencial tão necessária em mentes
de artistas seminais como ele. A coletânea em questão só aumentou o brilho por
sobre a personalidade do artista, são diversos clássicos de sua carreira
interpretados por novos e talentosos nomes do rock alternativo nacional, com
arranjos e interpretações algumas vezes modificadas, as versões só nos fizeram
perceber o quanto a qualidade da obra de Belchior ainda é premente e
reveladora, com produção do jornalista Jorge Wagner a coletânea foi lançada
pelo site musical Scream & Yell, e não nos resta dúvidas aqui lembrar que
vale muito a pena adentrar o imaginário poético de Belchior através dessas
canções atemporais de sua autoria.
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Let´s rock baby