26 de mai. de 2016

BOB DYLAN (75 ANOS) – ELE ENSINOU O ROCK A PENSAR



Por Natan Castro

Bob Dylan a gaita e o violão
Pouquíssimos baluartes do rock’n’roll chegaram à terceira idade com tamanha competência artística. Bob Dylan possui lugar cativo no panteão da boa música produzida nos últimos cinquenta anos. O jovem e desengonçado Robert Zimmerman foi festejado pela classe artística Nova Iorquina lá pelos idos do final da década de 50 e inicio dos 60. Apadrinhado por poetas, atores, atrizes, escritores e grandes nomes do folk/country americano como Woody Guthrie, rapidamente a figura do menestrel magrinho e baixinho de voz anasalada e renitente hipnotizou as plateias de bares, casas de shows e festivais de folk music por todo o território americano, mas não foram somente a gaita e o violão e a postura caipira, havia algo mais por detrás dessa indumentária a chamar a atenção do público e meio musical, o discurso cantado em versos encharcados de poesia e critica social assustava quem parasse para ouvir o jovem Zimmerman. A imagem de artista de protesto se configurou de maneira mais visível na apresentação no dia 28 de agosto de 1963 no famoso discurso do pastor protestante negro Martin Luther King a favor dos direitos civis nos Estados Unidos.



O encontro com os beatles
A relação estreita de Bob Dylan com a literatura e poesia realçaram em sua imagem de artista popular marcas indeléveis, haja a vista a apropriação do primeiro nome do poeta galés Dylan Thomas, o poeta foi uma grande inspiração para a configuração de todo o legado poético transcrito por Bob Dylan no rock durante toda sua longínqua carreira. Até meados dos anos sessenta Bob Dylan imortalizou-se como um apanágio da música de raiz e protesto, por volta de 1965 após sofrer um acidente de moto, o cantor se afastou por alguns meses do meio artístico e ao retornar assustou seus milhares de fãs ao eletrificar sua música. Até então o set acústico personificava suas apresentações e a sua própria imagem junto ao showbizz, a troca da gaita e do violão por guitarra, baixo e bateria enfureceu os fãs mais puristas que de pronto o acusaram de traidor das ruas raízes sonoras. 


Diz a lenda que o encontro entre Bob Dylan e os Beatles em Nova York foi o responsável pela mudança drástica nos caminhos sonoros de sua carreira. O mesmo aconteceu com os Beatles é certo que após o encontro o discurso das letras da dupla Lennon & McCartney mudou bruscamente, a partir do disco Rubber Soul as letras sofreram um amadurecimento visível, as temáticas universais tomaram o lugar das composições juvenis. John Lennon um dos entusiastas do encontro nunca escondeu sua admiração pela figura e genialidade poética de Bob Dylan, outra lenda sobre o encontro diz que Bob Dylan ofereceu o primeiro cigarro de baseado aos Beatles.


Já no final dos anos 60 Bob Dylan já era reconhecidamente um grande nome do rock, com reconhecimento entre público, critica e outros artistas do gênero musical, com lançamento de discos seminais, letras atemporais, coerência artística. O profundo senso de comprometimento com a qualidade sonora e artística de sua carreira só aumentaram com o passar dos anos. Décadas depois e alguns movimentos musicais, Bob Dylan é um dos raríssimos casos de genialidade artística perene e duradoura. Se traçarmos um paralelo com grandes nomes de nossa música que surgiram no meio musical no mesmo período de Bob Dylan, iremos perceber uma visível diferença, no que diz respeito a criatividade duradoura nos dias atuais, figuras como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Zé Ramalho, Milton Nascimento e outros em nada lembram os velhos tempos na década de 60 e 70. Por motivos como esses artistas como Bob Dylan, Neil Young e Paul McCartney se sobressaem frente aos citados anteriormente, a fonte de inspiração e atitude artística desses artistas parece não ter fim. Haja vista a qualidade dos discos lançados nos últimos anos com perfeito sucesso de critica e público, talvez esse seja o maior legado desse monstro da música mundial, ter envelhecido com dignidade e apuro estético e artístico sem iguais. 


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