Lobão
Por Natan Castro
Lobão como precursor de todo um movimento
independente de música
A importância do artista
Lobão no cenário da música brasileira desde o final dos anos setenta para cá, é
seminal. A figura do roqueiro foi extremamente importante no final dos anos
noventa por ser uma espécie de profeta de muita coisa que acontece hoje na dita
musica independente do Brasil. Depois de muito discutir e ter verdadeiras guerras
com os empresários de algumas gravadoras, Lobão surgiu como um precursor por
ter tido a ideia de lançar discos de forma independente, chegando a lançar alguns
discos em bancas de revistas, e quando muita gente pensou que não ia dar certo,
o resultado foi o inverso, o álbum denominado A vida é Doce lançado no ano de 1999, foi todo produzido e lançado de forma independente com recursos próprios
do artista, o disco foi lançado através da revista Universo Paralelo e obteve uma vendagem acima da média. Essa revista
foi importantíssima num ainda antes do boom da troca de músicas de forma livre
por meio digital. Diversos artistas do Brasil inteiro foram lançados pela
revista que também era um Selo, podemos citar como exemplos o artista carioca B
Negão, a banda Paraibana Cidadão Instigado, Cachorro Grande e outras.
Lobão
como um dos malditos contemporâneos mais importantes da atualidade
Atualmente Lobão está na
frente da luta da verdadeira arte cultural brasileira. São várias as agendas
que o artista milita, além de encabeçar a propagação da musica independente no
país, ele também é um dos artífices da briga sobre direitos autorais tanto em
voga nos últimos anos do Brasil. Ainda na trincheira do debate cultural Lobão
hoje representa um dos poucos artistas engajados na luta contra a corrupção e
os escandalosos crimes cometidos pelo PT em sua terceira gestão junto a presidência
da republica. Diversas vezes o roqueiro pode ser visto na atualidade em meio as
passeatas contra o atual governo da presidenta Dilma Roussef. Além de escritor
de dois livros de grandes repercussão um deles biográfico e outro de analise
critica e estética sobre a musica brasileira. Por esses e alguns outros motivos
Lobão é um desses artistas que ainda impunham a bandeira do Malditismo na dita
musica nacional, por representar uma continuação de grandes nomes antigos dessa
estética como Walter Franco, Jards Macalé, Raul Seixas e outros.
Marcelo
Nova
O roqueiro baiano Marcelo
Nova, iniciou sua trajetória como homem de frente da banda de rock Camisa de Vênus
no inicio dos anos 80. A banda era identificada como uma banda punk, a banda
desde seu nome é polemica, dizem que o nome da banda foi preponderante para que
ela terminasse ainda nos anos 80. A analogia do nome ao preservativo não foi
bem vista pela gravadora quando a mesma teve dificuldade de conseguir apresentações
do grupo na TV. A irreverencia e as letras mordazes sempre foram uma marca do
compositor Marcelo Nova. No final dos anos 80 a roqueiro foi o ultimo dos
parceiros de Raul Seixas, com o Maluco Beleza ele lançou o disco Panela de Diabo, sucesso no pais
inteiro.
Essa parceria é tida pelo próprio
artista como uma das maiores felicidades de sua carreira, pois desde criança
ele era fã de Raul Seixas. A experiência de ter gravado um disco com seu ídolo maior
trouxe marcas indeléveis para sua alma artística.
Marcelo
Nova e sua eterna luta contra mediocridade musical
Marcelo Nova apesar de não
ser um artista da mídia, possui assim como Lobão diversos seguidores em todo o território
nacional. Ainda hoje em seus shows varias clássicos do período do Camisa de
Vênus são tocados a pedidos de fás fervorosos da banda, canções como Silva, Sinca chambord, Eu não matei
Joana Darc, ficaram eternizadas nas cabeças da turma que começou a ouvir
rock no inicio dos anos oitenta.
Marcelo Nova é um dos poucos
artistas que sobrevivem à margem da grande mídia, sempre adepto da verdade
musical a todo custo, o artista vem lançando desde o final da sua primeira
banda discos importantes, onde o que mais nos chama a atenção é o cuidado com a
qualidade das letras. Marcelo Nova sempre que tem oportunidade não deixa para
trás a oportunidade de tecer comentários mordazes e pra lá de verdadeiros
quando o assunto é o atual estado do rock nacional e da dita música brasileira.
Certa vez declarou nos anos noventa que teria voltado com a sua primeira banda
Camisa de Vênus após ter ouvido de um apresentador de TV que a banda Skank era
o maior nome do rock nacional daquele período, são famosas as discussões entre
o roqueiro e o líder do Skank, o vocalista teria dito após essa declaração de
Marcelo Nova que o mesmo teria sido uma má companhia a Raul Seixas no final dos
anos 80, sobre essa declaração Marcelo Nova discorre em um programa da extinta
MTV.
Outra declaração bastante
inspirada de Marcelo Nova foi quando alguém perguntou o que ele achava da banda
Restart quando a mesma começou a fazer sucesso na mídia, Marcelo disparou o
seguinte comentário “O rock nacional não
morreu, ele foi apenas para o salão de beleza”. Outra declaração polemica
do roqueiro foi que quando perguntado sobre a atual indústria fonográfica ele
respondeu “Antigamente agente chutava o
pau da barraca, hoje a turma que chupar o pau da barraca”. Por esses e
outros motivos Marcelo Nova faz parte da nossa lista de Malditos contemporâneos
do nosso rock brasileiro.
Ciro Pessoa
Líder fundador da banda
Titãs, muitos gente acredita que a primeira banda dentro dos Titãs foi Arnaldo
Antunes, na verdade o primeiro a sair da banda que na época possuía nove
integrantes foi Ciro Pessoa. São deles sucessos como Sonífera Ilha, Homem Primata, Toda Cor, Babi Índio, a saída de Ciro
Pessoa da banda se deu seis meses antes do lançamento do primeiro disco dos
Titãs, o motivo foi desavenças estéticas no som da banda. Quando saiu Ciro
Pessoa montou o Cabine C, uma banda hoje bastante cultuada por certa fama de
banda Cult, o disco lançado em 1986 denominado Fósforos em Oxford ficou bastante
conhecido entre a turma gótica e dark da cena paulista. Ciro Pessoa montou
outras bandas nos anos noventa, mas o uso abusivo de drogas acabou por fazer o
artista acabar com todas elas. Durante vários anos escreveu para revistas da
editora Abril. Ciro Pessoa lançou alguns livros e em 2001 lançou seu primeiro
disco solo chamado No meio da Chuva eu
Grito Help produzido pelo produtor Apollo 9, o disco foi lançado pelo selo Inglês
Voice Print. Livre das drogas a alguns anos o artista hoje é adepto do Budismo.
Ciro
Pessoa seu engajamento contra as controversas politicas culturais do governo
Dilma Roussef
Ciro Pessoa atualmente é um
dos maiores entusiastas de uma renovação na música brasileira, em todos os
sentidos, desde sua divulgação como propagação nas mídias e em formas de
apresentações. O artista desde os anos oitenta apresenta um trabalho conceitual em vários sentidos,
sua música assim como de muitos malditos de tradição de nossa música, pede um
grau de assimilação bastante acentuado a quem se atreve a escutá-la. O artista
diz ser um artista totalmente inclinado para a estética surrealista, o sonho é
desde sempre é a matéria prima de sua música. Ciro Pessoa hoje encabeça junto
de Lobão a dianteira da briga conceito-politica-cultural contra os atuais meios
de se fazer arte no Brasil. Por sempre se apresentar na trincheira do debate
cultural Ciro Pessoa faz parte de nossa lista de malditos contemporâneos de
nossa música.
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