26 de ago. de 2015

Três Malditos Contemporâneos do Brasil

Lobão

Por Natan Castro

 João Luiz Woerdenbag Filho é um artista, multi-instrumentista, escritor, editor de revista, apresentador de TV, uma das figuras mais polémicas do rock brasileiro. Lobão iniciou sua carreira como baterista da banda de rock progressivo carioca dos anos 70 chamada Vímana. Depois no inicio dos anos 80 montou a Blitz e depois saiu em carreira solo que dura até os dias atuais.

Lobão como precursor de todo um movimento independente de música


A importância do artista Lobão no cenário da música brasileira desde o final dos anos setenta para cá, é seminal. A figura do roqueiro foi extremamente importante no final dos anos noventa por ser uma espécie de profeta de muita coisa que acontece hoje na dita musica independente do Brasil. Depois de muito discutir e ter verdadeiras guerras com os empresários de algumas gravadoras, Lobão surgiu como um precursor por ter tido a ideia de lançar discos de forma independente, chegando a lançar alguns discos em bancas de revistas, e quando muita gente pensou que não ia dar certo, o resultado foi o inverso, o álbum denominado A vida é Doce lançado no ano de 1999, foi todo produzido e lançado de forma independente com recursos próprios do artista, o disco foi lançado através da revista Universo Paralelo e obteve uma vendagem acima da média. Essa revista foi importantíssima num ainda antes do boom da troca de músicas de forma livre por meio digital. Diversos artistas do Brasil inteiro foram lançados pela revista que também era um Selo, podemos citar como exemplos o artista carioca B Negão, a banda Paraibana Cidadão Instigado, Cachorro Grande e outras.

Lobão como um dos malditos contemporâneos mais importantes da atualidade

Atualmente Lobão está na frente da luta da verdadeira arte cultural brasileira. São várias as agendas que o artista milita, além de encabeçar a propagação da musica independente no país, ele também é um dos artífices da briga sobre direitos autorais tanto em voga nos últimos anos do Brasil. Ainda na trincheira do debate cultural Lobão hoje representa um dos poucos artistas engajados na luta contra a corrupção e os escandalosos crimes cometidos pelo PT em sua terceira gestão junto a presidência da republica. Diversas vezes o roqueiro pode ser visto na atualidade em meio as passeatas contra o atual governo da presidenta Dilma Roussef. Além de escritor de dois livros de grandes repercussão um deles biográfico e outro de analise critica e estética sobre a musica brasileira. Por esses e alguns outros motivos Lobão é um desses artistas que ainda impunham a bandeira do Malditismo na dita musica nacional, por representar uma continuação de grandes nomes antigos dessa estética como Walter Franco, Jards Macalé, Raul Seixas e outros.



Marcelo Nova


O roqueiro baiano Marcelo Nova, iniciou sua trajetória como homem de frente da banda de rock Camisa de Vênus no inicio dos anos 80. A banda era identificada como uma banda punk, a banda desde seu nome é polemica, dizem que o nome da banda foi preponderante para que ela terminasse ainda nos anos 80. A analogia do nome ao preservativo não foi bem vista pela gravadora quando a mesma teve dificuldade de conseguir apresentações do grupo na TV. A irreverencia e as letras mordazes sempre foram uma marca do compositor Marcelo Nova. No final dos anos 80 a roqueiro foi o ultimo dos parceiros de Raul Seixas, com o Maluco Beleza ele lançou o disco Panela de Diabo, sucesso no pais inteiro.
Essa parceria é tida pelo próprio artista como uma das maiores felicidades de sua carreira, pois desde criança ele era fã de Raul Seixas. A experiência de ter gravado um disco com seu ídolo maior trouxe marcas indeléveis para sua alma artística.

Marcelo Nova e sua eterna luta contra mediocridade musical


Marcelo Nova apesar de não ser um artista da mídia, possui assim como Lobão diversos seguidores em todo o território nacional. Ainda hoje em seus shows varias clássicos do período do Camisa de Vênus são tocados a pedidos de fás fervorosos da banda, canções como Silva, Sinca chambord, Eu não matei Joana Darc, ficaram eternizadas nas cabeças da turma que começou a ouvir rock no inicio dos anos oitenta.

Marcelo Nova é um dos poucos artistas que sobrevivem à margem da grande mídia, sempre adepto da verdade musical a todo custo, o artista vem lançando desde o final da sua primeira banda discos importantes, onde o que mais nos chama a atenção é o cuidado com a qualidade das letras. Marcelo Nova sempre que tem oportunidade não deixa para trás a oportunidade de tecer comentários mordazes e pra lá de verdadeiros quando o assunto é o atual estado do rock nacional e da dita música brasileira. Certa vez declarou nos anos noventa que teria voltado com a sua primeira banda Camisa de Vênus após ter ouvido de um apresentador de TV que a banda Skank era o maior nome do rock nacional daquele período, são famosas as discussões entre o roqueiro e o líder do Skank, o vocalista teria dito após essa declaração de Marcelo Nova que o mesmo teria sido uma má companhia a Raul Seixas no final dos anos 80, sobre essa declaração Marcelo Nova discorre em um programa da extinta MTV.


Outra declaração bastante inspirada de Marcelo Nova foi quando alguém perguntou o que ele achava da banda Restart quando a mesma começou a fazer sucesso na mídia, Marcelo disparou o seguinte comentário “O rock nacional não morreu, ele foi apenas para o salão de beleza”. Outra declaração polemica do roqueiro foi que quando perguntado sobre a atual indústria fonográfica ele respondeu “Antigamente agente chutava o pau da barraca, hoje a turma que chupar o pau da barraca”. Por esses e outros motivos Marcelo Nova faz parte da nossa lista de Malditos contemporâneos do nosso rock brasileiro.

Ciro Pessoa


Líder fundador da banda Titãs, muitos gente acredita que a primeira banda dentro dos Titãs foi Arnaldo Antunes, na verdade o primeiro a sair da banda que na época possuía nove integrantes foi Ciro Pessoa. São deles sucessos como Sonífera Ilha, Homem Primata, Toda Cor, Babi Índio, a saída de Ciro Pessoa da banda se deu seis meses antes do lançamento do primeiro disco dos Titãs, o motivo foi desavenças estéticas no som da banda. Quando saiu Ciro Pessoa montou o Cabine C, uma banda hoje bastante cultuada por certa fama de banda Cult, o disco lançado em 1986 denominado Fósforos em Oxford ficou bastante conhecido entre a turma gótica e dark da cena paulista. Ciro Pessoa montou outras bandas nos anos noventa, mas o uso abusivo de drogas acabou por fazer o artista acabar com todas elas. Durante vários anos escreveu para revistas da editora Abril. Ciro Pessoa lançou alguns livros e em 2001 lançou seu primeiro disco solo chamado No meio da Chuva eu Grito Help produzido pelo produtor Apollo 9, o disco foi lançado pelo selo Inglês Voice Print. Livre das drogas a alguns anos o artista hoje é adepto do Budismo.

Ciro Pessoa seu engajamento contra as controversas politicas culturais do governo Dilma Roussef

Ciro Pessoa atualmente é um dos maiores entusiastas de uma renovação na música brasileira, em todos os sentidos, desde sua divulgação como propagação nas mídias e em formas de apresentações. O artista desde os anos oitenta apresenta  um trabalho conceitual em vários sentidos, sua música assim como de muitos malditos de tradição de nossa música, pede um grau de assimilação bastante acentuado a quem se atreve a escutá-la. O artista diz ser um artista totalmente inclinado para a estética surrealista, o sonho é desde sempre é a matéria prima de sua música. Ciro Pessoa hoje encabeça junto de Lobão a dianteira da briga conceito-politica-cultural contra os atuais meios de se fazer arte no Brasil. Por sempre se apresentar na trincheira do debate cultural Ciro Pessoa faz parte de nossa lista de malditos contemporâneos de nossa música.


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