Por Natan Castro.
O oculto sempre foi pano de
fundo para diversas nobres peças na história da música. The Chemical Wedding
de Bruce Dickinson não foi o primeiro e muito menos será o último álbum ou
livro ou pintura, seja lá qual for a manifestação artística que ainda sofrerá a
influência do oculto. Seria Bruce Dickinson um iniciado de alguma sociedade
secreta? Não é de hoje que o vocalista tem composições suas fazendo claras referências
a livros antigos, no Iron Maiden foram diversos temas citando a Bíblia
e Mitologias. É bem verdade que desde meados dos anos oitenta a Donzela passou
a ser uma das principais referências para novas bandas que logo foram enquadradas
como Heavy Metal Melódico. É também correto falar que o imaginário
Dickinsoniano levou uma leva de bandas da vertente metaleira a se interessar
por temáticas análogas como dragões, rainhas e magos.
The Chemical Wedding é o titulo
do disco lançado em 1998 pelo vocalista inglês, em se falando de citações o
álbum possui diversas a começar pelo título. O Casamento Químico é o
nome do livro que deu origem a um dos maiores mistérios das ciências ocultas o movimento
filosófico Rosa Cruz. O livro teria sido idealizado pelo alemão Christian
Rosenkreutz, a temática do livro está ligada ao número místico 7, a mesma
quantidade de dias usada por Deus para criar o mundo. O enredo fala de um
convite feito ao protagonista da história que fora convidado a participar de um
casamento onde os fatos alegóricos vez ou outra referem-se a bíblia, cabala e
outros conceitos herméticos. A capa escolhida por Bruce de forma alguma foge a
regra, a pintura denominada O Fantasma de uma Pulga é uma pintura do
poeta, escritor, pintor e ocultista inglês William Blake, a obra de William é
profundamente afetada por assuntos místicos, tendo influenciado outro grande
nome do rock o também poeta e front-man Jim Morrison, Jim teve a ideia do nome
The Doors depois de ter lido um poema de Blake onde ele fala que a humanidade só
estará de frente com a verdade universal após ultrapassar as portas (The Doors)
da percepção. O disco tem todas suas canções discorrendo sobre temas antigos
como As Trombetas de Jericó, O Livro de Thel, King Crimson e outros.
Musicalmente falando o disco
que saiu em 1998 pelo selo Sanctuary Records é um pedardo, produzido por Roy Z
e co-produzido por Bruce, com a sonoridade passeando pelo Hard e o Heavy num
casamento perfeito de peso e melodias, todas extraídas das cordas vocais de um
dos maiores vocalistas do rock. Pouquíssimos álbuns do período se proporam a apresentar
canções tão belas quanto The Chemical Wedding. Dickinson acertou em cheio
quando deixou as rédeas dos arranjos com Roy Z é dele a ideia de colocar uma
corda de baixo na primeira corda de cima da sua guitarra, haja vista, que além
de produzir também dividiu as guitarras do disco com Adrian Smith (Iron
Maiden). Esses e outros atributos só ajudam o álbum a alcançar o título de Obra
Prima do rock do Heavy Metal, até porque como tentamos demonstrar acima, The
Chemical Wedding como grande disco do artista solo Bruce Dickinson catalisa em
seu conceito três grandes manifestações da arte, são elas literatura, poesia e
pintura, um clássico incomensurável da música, do rock, arte de altíssima qualidade.