Por Natan Castro
Tava faltando mesmo alguém da
nova safra, revisitar as formas e fórmulas que deram tão certo nos anos 70 e
80. Ouvindo o disco novo de Pélico denominado Euforia, dá uma certa euforia por
nos fazer lembrar de Rita Lee, Lulu Santos, Guilherme Arantes e tanta coisa boa, dá uma saudade dos tempos que as rádios tocavam músicas boas de verdade.
Os arranjos são pop igual àqueles
feitos aos moldes de antigamente, mas com timbragens advindas dessas novas
tecnologias, o cara já teve música gravada por Filipe Catto e participou de
importantes projetos de homenagens a grandes nomes que já se foram. Euforia nos traz música desencanada sem
esforço, daquelas que surgiram deixando as coisas rolarem, disso surgiram
grandes canções com menções honrosas a Sobrenatural
e Olha Só.
Johnny Hooker surgiu na
música brasileira em 2015, demonstrando descaradamente referencias que são visíveis
em seu visual e em sua música. Dentre elas David
Bowie, Madonna, Caetano Veloso, Cazuza e Ney Matogrosso,
esse último infesta o visual e a postura de palco do cantor, ator e diretor de
Recife. Apesar dessas tantas citações, Johnny Hooker consegue ser ele mesmo
quando assume as personas trágicas que moram nos versos de suas canções.
Bem, mas ele cita em seu
trabalho ícones da música pop, se própria de alegorias de personas alheias para
compor seu visual, escreve canções de amores mal resolvidos e ainda por cima já
surge tendo uma música sua como tema de novela, quanta coisa clichê! Não há
duvidas, porém ele é sim um grande intérprete de suas dores e talvez o que o
faça fugir das coincidências é o seu timbre vocal, que vem fazendo suas performances
cheias de um Mise en scène que talvez ninguém mais fosse capaz de encenar, merece ta na lista com um dos melhores discos lançados por aqui em 2015.
Quando o assunto é rock nacional, não existe meio termo o mais recente disco da banda Goiana
Boogarins é o disco. Os caras lançaram em formato Lo-fi em 2013 o primeiro
disco As Plantas Que Curam e para
surpresa de todos, conseguiram um contrato com o selo de fora e logo saíram numa
turnê na gringa como forma de divulgação do disco.
Quem poderia achar que
aquela cantora branquela de visual ultra-nerd-esquisitóide integrante da banda Sugar Cubes advinda da Islândia pudesse
em pleno 2015 ainda estar no cenário da música pop? Bjork a cada ano que
passava após o lançamento de cada disco novo surpreendia-nos cada vez mais,
hoje seu nome já é simbólico quando o assunto é música cabeça de apelo pop. Ela
já ganhou prêmios atuando em filmes e compondo trilhas sonoras, antes desse
lançou discos que por sua sonoridade avançada a fez ganhar por incrível que
pareça respeito de diversos fãs ao redor do mundo, além é claro de uma visível admiração
por parte da critica.
O som seco de uma batida percussiva
no fundo, uma parede de guitarras distorcidas e colocado no meio dessas duas
coisas um vocal meio abafado. Esse é outro grande disco de 2015 de difícil enquadramento, a banda Viet Cong faz diversas citações, post-punk com David Bowie debaixo dos braços, com rock alternativo da cena
americana de coisas como Sonic Youth
da fase Daydream Nation juntamente de coisas do Art Rock. Eles são canadenses e meio que criaram nesse debut um
mosaico de citações sonoras das boas.
Young Fathers vem de terras
Escocesas, mas seus integrantes são originários de países do continente africano,
um vem da Libéria, outro de Gana e o último tem pais Nigerianos, porém foi
criado em Maryland nos E.U.A, em 2014 a banda ganhou o cultuadíssimo prêmio
Mercury de melhor álbum com DEAD. Tava
meio na cara que nesse 2015 os caras lançariam um discaço e não foi diferente White Men Are Black Men Too, acertou em
cheio, embora mais pop, a pegada discursiva cheias de observações sobre a
xenofobia sofrida por imigrantes no território europeu persiste, e é muito bom
que persista depois dos últimos acontecimentos em Paris.
White
Men Are Black Men Too já tem lugar cativo na lista dos
melhores de 2015. É musica nova, sem fácil assimilação, feita para intrigar
ouvidos menos preparados, apesar de tanta originalidade tem uma pista que são as
filigranas de vocalizações pop contidas nas músicas, isso aos poucos acaba nos demonstrando
que música pop é sempre música pop, seja ela feita em Londres ou em São José de
Ribamar no Estado do Maranhão.
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