16 de set. de 2015

OS DEZ DISCOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA DO ROCK




ELVIS PRESLEY – “ELVIS PRESLEY”

Por Natan Castro

Elvis Presley era somente um motorista de caminhão quando resolver procurar uma gravadora de sua cidade para gravar um compacto com uma música de cada lado em homenagem a sua mãe. Talvez se esse fato não houvesse ocorrido lá pelos idos dos anos cinquenta eu não estaria aqui escrevendo esse artigo e nem vocês estariam aqui lendo o dito cujo. Elvis Presley representa a síntese inicial do rock’n’roll, a sua atitude e a sua sensualidade no compasso quatro por quatro ficaram eternizadas nos primeiros anos do gênero musical. Como disse Raul Seixas certa vez “Esses primeiros discos foram gravados com uma banda quase que totalmente de pau, impressionante a simbiose de Elvis Presley com os músicos”. Clássicos como Blue Suede Shoes, That´s All Right e Money Honey ajudaram Elvis a dar o ponta pé em nosso velho e bom rock’n’roll.



BOD DYLAN - THE FREEWHEELIN     


Quando Bob Dylan o nome artístico do jovem Robert Zimmerman despontou na cena do folk de Nova York, muitos foram os olhares desconfiados por parte de um pessoal da gravadora Columbia. O primeiro disco vendeu pouco mais de cinco mil cópias, já se falava em despacha-lo quando o seu empresário juntamente de John Hammond resolveram apostar em mais um disco. O disco foi composto e gravado nos intervalos de shows de uma turnê pelo território americano, a sua viagem a Inglaterra para algumas apresentações que trouxe a Bob Dylan a ideia da simplicidade das canções, muito delas foram inspiradas em antigas cantigas inglesas.

Bob Dylan era integrante do grupo de músicos, poetas, escritores, que ainda sofriam a influencia do movimento beat, no Green Village em Nova York onde Bob iniciou sua carreira e onde o jovem fez a passagem da adolescência para fase adulta, ouvindo e lendo sobre direitos universais, socialismo e filosofia. Toda essa fase foi fundamental para as composições espetaculares desse segundo disco, a canção Blowin In the Wind que descaradamente fazia uma alusão a luta dos negros por mais direitos e Masters Of Wars que criticava a guerra fria entre americanos e russos, marcaram profundamente a história da música americana e do próprio folk/rock em sei. Era assustador o grau de engajamento politico de um baixinho cantor de folk de pouco mais de vinte anos tratando de assuntos seríssimos nunca cantados em música até então. O resto à história pode nos contar melhor, o surgimento de um mito uma lenda viva da música mundial, com um grau de influencia que até hoje cresce a passos largos em âmbito planetário. 






BEATLES (SARGEANT PEPPERS)


Diz a lenda que Paul McCartney estava entusiasmado com o revival do período vitoriano que a cidade de Londres passava na metade da década de 60. Ao andar e ver a marca do vitorianismo na decoração das lojas, Paul teria tido a ideia de criar algo com os Beatles que embarcassem na onda. Essa ideia seria um dos embriões desse que é considerado por muitos inclusive esse que vos escreve o marco divisor de discos da indústria fonográfica. Tudo nesse disco é genial, só para citar algumas ideias postas nessa obra sonora revolucionária, podemos citar as diversas vertentes de musica popular incluídas nas composições das músicas, ninguém até então nunca havia feito nada parecido, a estética da capa com as fotos de várias personalidades de diversas áreas juntamente com os integrantes num fictício enterro dele Paul McCartney. Até então ninguém havia tido a feliz ideia de colocar as letras das canções na capa de um disco seja ele de rock ou qualquer outro gênero musical. Não só existe o rock’n’roll antes e depois desse álbum, como também a própria música. Certa vez assisti um relato de um maestro erudito que disse que o Sargeant Peppers poderia ser considerado a nona sinfonia de Beethoven da musica pop, era como se os Beatles de forma magistral elevassem o rock a um patamar tal, que ninguém mais a não ser eles mesmos pudessem tirá-lo de lá. 



VELVET UNDERGROUND & NICO


Como pode um disco que no show do seu lançamento teve uma plateia de quase quinhentas pessoas, e com uma vendagem pífia ser hoje um dos discos fundamentais para diversas cabeças do rock no planeta? Dizem alguns que dessas quinhentas pessoas que assistiram ao show de lançamento a grande maioria voltou pra casa com a ideia de montar uma banda e assim a influencia se propagou. A sonoridade proposta por Lou Reed e John Cale nesse disco ia contra tudo que até então o rock havia produzido, inclusive contra as coisas mais geniais de bandas como Beatles, The Doors, Rolling Stones haviam feito. Na capa não se via o nome da banda e sim uma obra de arte de Andy Warhol um artista plástico que seria uma espécie de guru para os integrantes e um dos poucos que acreditavam na enxurrada de conceitos por detrás daquele emaranhado de distorção e poesia marginal. Resumindo Lou Reed tocava guitarra como ninguém antes havia feito era como se ele estivesse rasgado os conceitos de partituras e composto os acordes de guitarra numa viagem de heroína, John Cale um baixista discípulo da musica de vanguarda ajudava a poeira baixar com as linhas de baixo mais elegantes do rock, e Nico cantava a poesia de um mundo sem saída proposta por Lou Reed com sua voz ácida e hipnotizante. O restante da história você perceberá ouvindo bandas como Joy Division, Echoo and The Bunnymen, Sonic Youth e o próprio Nirvana.



PINK FLOYD – DARK SIDE OF THE MOON


No inicio dos anos 70 o Pink Floyd não era mais a banda emergente do underground londrino, Sid Barret havia iniciado a mais longa viagem lisérgica da sua vida e nem dava a impressão que iria retornar. O mundo do rock havia mudado bastante, os shows eram cada vez maiores, o capitalismo vivia um dos seus períodos de apogeu, a guerra do Vietnã continuava com suas intenções sem sentido e o homem havia colocado o pé na lua no ano de 1969 conforme prometeu John F. Kennedy no inicio da década de 60.

Foi com o mundo vivendo esses fatos que Roger Waters juntamente com os demais integrantes do Pink Floyd mais uma vez mudaram os rumos do rock’n’roll. Elevando a qualidade da música proposta pelo rock para outros patamares. A parafernália tecnológica usada na produção, as ideias propostas por Roger Waters ao engenheiro de som Alan Parsons de colocar sons do dia dia no meio das canções, a capa sensacional que faz alusão ao lado negro da lua, a ideia de usar as informações retiradas de conversas tidas com pessoas ligadas a produção e funcionários do estúdio para usar como parte das temáticas das letras, tudo isso capitaneado pelo gênio egocêntrico de um dos maiores nomes da música Roger Waters, fazem desse disco um marco na história do rock’n’roll.

Apesar de ser importantíssimo vale lembrar que esse disco é diferente dos demais citados nessa lista, por não ser utilizado como conceito para que influenciasse outros sub-gêneros do rock. O Pink Floyd com sua música não foi responsável por criar movimentos musicais a partir do seu mito, mas inconscientemente ajudou diversas cabeças pensantes a entender que o rock não só poderia como deveria ser um grande espetáculo sonoro e conceitual dali para frente.


DAVID BOWIE – LOW


Por volta de 1977 David Bowie estava morando com sua esposa em Los Angeles e apesar dos seus últimos discos terem dado a ele dez hits no topo das paradas, o uso constante de cocaína estava acabando com sua saúde financeira e mental. Então David resolve se mudar com sua mulher para a Alemanha mais precisamente para Berlim. Começaria ai a famosa fase Bowieniana de Berlim, onde ele teve a possibilidade de produzir três grandes discos.

Talvez o próprio David Bowie não tenha se dado conta, mais a verdade é que ele produziu com o disco Low uma espécie bíblia para muita gente que começou a fazer música do final dos setenta pra lá. Low nos chama a atenção por quase não possuir acordes de guitarra, o álbum inteiro é sentido através dos sintetizadores do lendário tecladista e produtor Brian Eno (ex-Roxy Music) a produção ficou por conta de Tony Visconti e o próprio David Bowie. Essas mudanças bruscas em sua carreira em busca de novidades fazem dele um dos artistas do panteão do rock mais influenciáveis, uma espécie de camaleão, quem não lembra da fase como Ziggy Stardust no inicio dos anos 70.

David Bowie deu declarações no período que sua ida a Berlim, muito se deu pelo anonimato que necessitava naquele período, algo que nos E.U.A nunca aconteceria, essa espécie de fase zen longe das drogas pesadíssimas ajudaram o artista a criar essa obra prima, que é uma das precursoras da disco music e de muita música interessante feita pela turma da década de oitenta.


JOY DIVISION – CLOSED

É difícil falar de um mito usando o espaço sucinto de um blog, onde a velocidade da internet nos exige que sejamos objetivos ao extremo. O Joy Division a banda nascida em Manchester na Inglaterra já havia lançado o primeiro disco e diversos outros singles no final dos anos 70, eles haviam revirado de cabeça pra baixo o rock, tinham também acabado com os últimos resquícios de paz e amor propagado pela geração anterior. Esse disco é fundamental para o rock’n’roll assim como os demais, mas o fato do líder da banda ter se suicidado em meio ao seu lançamento e poucos a dias de iniciar a primeira turnê americana da banda, fez dele um mito na discoteca clássica do rock.

Só poderemos entender a musica do Joy Division se fizermos o seguinte esforço, coloque toda a discografia das bandas Velvet Underground, Stooges e de artistas como Iggy Pop e David Bowie dentro de um gravador, logo depois adicione algumas parcelas de literatura beat de gente como William Burroughs, Jack Kerouack e por final coloque poemas de Arthur Rimbaud na mesma fita, depois coloque para ouvir, sem dúvidas o que vai sair é bem parecido com a música do Joy Division, mais isso seria simples, se não houvesse outras coisas, como as linhas de baixo de um dos mais criativos baixistas de todos os tempos Sr. Peter Hook e claro a poesia terminal do maior poeta trágico da história do rock, o falecido Ian Curtis.



SONIC YOUTH – DAYDREAM NATION


Pouquíssimas vezes na história do rock um disco pode ser lembrado pelo fato de praticamente esmiuçar o modo de viver de uma parcela da população de uma sociedade, claro que estamos falando da juventude americana, esse disco conseguiu traduzir a confusão que todo garoto americano dos anos oitenta passava, bem melhor que qualquer um psicanalista ou sociólogo conseguiu explicar. A banda já havia lançado discos importantes e já segurava o cedro de banda mais influente do rock underground quando lançou esse disco espetacular.

As influencias eram as mesmas o Velvet Underground, Stooges e o lirismo de Neil Young, mas algo estava diferente a sonoridade fazia alusão aos sons advindos das esquinas, o barulho dos quartos trancados, os Nerds e suas coleções de HQ´s, a galera do skate, ou seja, doses de diversão ali bem próximas, mas bem junto disso uma sensação de vazio, solidão e o hálito da depressão no seu pescoço.

Daydream Nation apesar de ter sido aclamadíssimo pela critica e pelo público, teve uma divulgação medíocre por parte da gravadora e vendeu pouquíssimo, depois disso a banda assinou o contrato com uma gravadora major e deu os primeiros passos para que o rock underground saísse dos ambientes mal iluminados da garagem e fosse para debaixo dos holofotes do mainstream.


NIRVANA – NEVERMIND


No final dos anos 80 o rock atravessa talvez a fase mais ridícula de toda sua história, o chamado rock farofa estava no auge com bandas como Motley Cure, Poison e outras, essa turma tinha o ridículo costume de usar calças coladíssimas, cabelos no estilo mullet e ainda por cima quebrar quartos de hotéis. No começo da década de 90 tivemos como principal acontecimento a queda do muro de Berlim, que separava as duas Alemanhas desde o final da segunda guerra mundial. O Nirvana era somente mais uma banda underground da fria Seattle nos E.U.A, a cidade naquele período era conhecida por conta da sua faculdade que se tornara celeiros de futuros grandes engenheiros de computação.

O Kurt Cobain era um cara que havia sido maltratado na infância, chegou a morar na rua, dormiu em baixo de ponte, resumindo até ali tinha comido o pão que o diabo amassou, porém era um músico talentosíssimo, a banda a principio tinha outro baterista, na virada da década com a entrada de Dave Grohl assumindo as baquetas a banda ganhou muito com a forma visceral dele tocar bateria. Até ai tudo bem, tudo certo. A verdade é que naquele exato momento Seattle possuía uma efervescente cena de rock alternativo que vinha há algum tempo amadurecendo, bandas como Mother Love Bone, Soundgarden, Pearl Jam e o próprio Nirvana, citavam diversas outras bandas americanas como referencias, e pasmem a grande maioria dessas bandas influentes também eram alternativas. Quando um jornalista resolveu mandar cartas para diversos outros amigos jornalistas musicais das principais praças de música do mundo, as coisas começaram a mudar. O selo Sub-Pop começou a gravar e divulgar varias bandas da cena, isso meio que causou um buchicho que voltou as lentes das câmeras da MTV para a cidade, tudo isso foi preponderante para que o Nirvana assinasse com uma gravadora major a famosa Geffen para um lançamento de um novo álbum.

Esse disco era a obra prima conhecida por Nevermind, o produtor convidado foi o Butch Vig, futuro baterista da banda Garbage. Diz a lenda que quando a banda entrou no estúdio somente três músicas existiam as demais foram compostas em meio gravações, coisa mais Do It Yourself! Impossível. Na semana de lançamento do disco parecia que o mundo tinha mudado, foi essa a impressão que todo mundo assim como eu que era adolescente na época teve, a verdade sonora de uma banda autenticamente de garagem junto da atitude punk com a embalagem pop de fundo formaram um dos maiores fenômenos de vendas da história do rock’n’roll, a banda dormiu underground e acordou no outro dia no topo das paradas no mundo inteiro, nas rádios canções como Smell Like Teen Spirit, In Bloom, Come As You Are, Polly não paravam de tocar. Sem dúvidas a década de 90 só teve seu inicio depois do lançamento de Nevermind. Assim como nos idos dos anos 50, novamente a juventude redescobriu como era legal e fascinante ser jovem, algo que somente o rock’n’roll possui o poder de nos lembrar.



RADIOHEAD – OK COMPUTER



O último grande álbum do rock, veio da Inglaterra, esse mesmo país que nos deu Beatles, Rolling Stones, David Bowie e outras toneladas de coisas interessantes. O Radiohead era mais uma banda da emergente cena do BritPop que tinha em Oasis e Blur seus principais representantes. Eles haviam estourado com a música Creep que havia se tornado uma espécie de hino de todo moleque deslocado de qualquer parte do globo. O Radiohead não chegou ao Ok Computer num passo de mágicas, houve um claro crescimento tanto sonoro quanto estético nessa caminhada, depois do primeiro Pablo Honey, veio o elogiadíssimo The Bends, antes do lançamento do disco em 1997 não passava pela cabeça de ninguém no mundo do rock que o tal disco iria ser tão genial como foi.

Nesse periodo assisti uma entrevista da banda, e sem que agente percebesse aquilo era na verdade uma pista para o disco que eles estavam produzindo, Thom Yorke e outros integrantes falaram que estavam ouvindo em meio as gravações o Álbum Branco dos Beatles, eles citaram a canção Happines is a  Warm Gun e chamavam a atenção como essa música continha três partes, aquela declaração me chamou a atenção, mas como Beatles é referencia para tudo e todos não dei muita importância. Quando o disco saiu na primeira audição percebi como eles realmente estavam tratando a forma estrutural das canções de outra forma. Todos os integrantes estão impecáveis em seus instrumentos, tudo se encaixou perfeitamente, eram arranjos complexos, tudo justificado pela tecnologia que foi abusivamente usada na produção, essa mesma tecnologia que a poesia melancólica de Thom Yorke criticava nas letras com doses de sarcasmos, e em outros momentos criticando de forma veemente esse nosso jeito moderno e paranoico de viver. Desde a capa até a concepção dos vídeo clipes esse disco é espetacular, depois disso a banda adentrou um mundo sonoro só deles, e hoje todos no mundo da música aguardamos o seu esperado retorno, que seja comovente como as letras de Thom Yorke e revolucionário como foi Ok Computer o último grande de disco de rock’n’roll de nossos tempos.




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