Por Natan Castro
Muito se discute hoje em
rodas de produtores culturais, músicos, blogueiros, poetas, bandas e pseudos
isso e aquilo em São Luís, sobre a inexistência do termo MPM, que teria o
famigerado significado de Musica Popular Maranhense. A discussão sempre vai
cair num poço sem fundo, pois será se existiria uma música realmente genuína de
uma região na face da terra, onde seria esse lugar? Em regiões do himalaia, no
Siri Lanka, em Codó? Alguém conseguiu registrar o nascimento daquela
manifestação musical e dali pra frente instituiu aquilo como genuíno daquela
região? Essa discussão é maçante e de fato sem motivo para acabar. Se todo
mundo sofre influencia de todo mundo, como poderia o tambor de crioula ser uma
sonoridade somente do Maranhão, e as raízes negras, e os negros que chegaram
aqui vindos das terras da mãe África? Em minha humilde opinião se não existe
MPM aqui, tenho certeza e afirmo com propriedade de causa que existe rock sim
aqui na antiga Athenas Brasileira.
ROCK ENTRE MATRACAS E DREAD
LOCKS
Nos primórdios dos anos
setenta em São Luís, existia lá o Laborarte (Laboratório de Cultura Popular)
forjando uma identidade musical própria dessas terras, existia também uma banda
de baile muito boa chamada Nonato e seu Conjunto, talvez o primeiro grupo
musical maranhense a lançar um acetato, os caras tocavam ritmos caribenhos
fundindo com funk, soul e nessa época foram influenciados pela chegada dos
discos de reggae vindos da Jamaica, é deles a primeira senão uma das primeiras
gravações de um reggae com letra em português em solo nacional. Nos anos oitenta
com a chegada da famosa geração do rock nacional, começaram a surgir às primeiras
movimentações referentes a bandas de rock na capital. Uma banda lendária e sem
dúvidas uma das primeiras surgidas nesse período, é a banda de Heavy Metal
chamada ÁCIDO, essa banda chegou a tocar nos anos 80 no lendário festival
Setembro Negro em Teresina, diz à lenda que o Sepultura do inicio de carreira
tocou nessa mesma edição. Outra lenda viva desse mesma época foi à banda de
Trash/Death chamada Ânsia de Vômito, logo depois bandas punk surgiram aos
montes, como a FOME, TERROR TERROR, AMNÉSIA e outras.
PROGRAMA TIME ROCK, BAR DO
BENTO NO SÃO CHICO, LOJA SUBMUNDO DO ROCK E A COOPERATIVA ROLA ROCK ‘N’ ROOL
Em se falando de difusão do
rock na capital, muito se deve a radio Mirante FM que desde seu inicio primou
por uma qualidade musical mais apurada por aqui, lá nos primeiros anos da rádio
dois programas foram importantíssimos para a divulgação do rock por aqui, foram
eles os programas CABEÇA FEITA, apresentado pelo colecionador e pesquisador
musical Adauto e o programa Beatles que foi apresentado durante anos por vários
locutores dentre eles Pedro Sobrinho, Robson Jr, Augusto Pelegrinni. No final
dos anos oitenta, existiu um programa de rock maldito na radio chamado MIDNIGHT
ROCK, que ia ao ar em um dia da semana sempre a meia noite, esse programa era
apresentado por Gilberto Mineiro pesquisador, locutor e produtor cultural
(Musicália) e Joacy James poeta, desenhista, caricaturista, agitador cultural, líder
do movimento punk na Ilha. Os dois em minha opinião foram importantíssimos para
a chegada de uma nova geração de roqueiros na Ilha já no inicio dos anos
noventa. O programa TIME ROCK apresentado por Gilberto Mineiro surge logo
depois e de todos os citados anteriormente é o que até hoje é lembrado por uma
grande turma com muito carinho, indo ao ar sempre nos sábados das cinco as sete
da noite, o programa representou um canal de divulgação para novas bandas
locais, e divulgação de muito material novo de bandas de um período de ouro do
rock nacional, foi nesse período o primeiro show do Ratos de Porão, Raimundos
que segundo alguns foi uma das maiores bilheterias de shows de rock em São Luís.
Tínhamos então um programa de rock, e a nível nacional uma TV divulgando a cena
mundial e brasileira 24 horas no ar, a falada MTV e ainda tínhamos aqui uma
cooperativa muito bacana chamada Cooperativa Rola Rock’n’Rool capitaneada pelo
baixista e líder da banda de punk/hardcore chamada COMPORTAMENTO ESTRANHO, o
camarada João Pedro. Essa cooperativa possuía além do canal de divulgação na
radio através do programa TIME ROCK, um local de apresentações também muito representativo
nessa época que era o Bar do Bento no bairro do São Francisco. Tive a
oportunidade de na época fazer parte de uma galera que sempre se encontrava no
TIME ROCK na Mirante FM, com essa turma participei de algumas produções de
pequenos shows em formatos undergrounds nesse lendário Bar, a cooperativa
sempre trazia bandas de Teresina, Piauí, Belém e outras cidades para tocar em
São Luís, na verdade existia um intercambio entre essas bandas que tornava a cena underground da Ilha bastante
interessante.
De lá pra cá toda uma leva
de novos roqueiros foi nascendo e se criando, com a chegada da internet o
acesso aos grandes álbuns de rock acabou democratizando mais rock em geral,
houve o nascimento em massa de varias tribos alternativas todas sobre a égide do
rock na capital e também restante do Maranhão. A mudança foi expressiva e se no
inicio dos anos noventa um cara andar com camiseta de rock nas ruas e avenidas
de São Luís era coisa rara, hoje em dia garotinhas adolescentes aos montes
estão usando blusas de bandas como Motorhead, Nirvana, Aerosmith normalmente
sem causar burburinho algum, hoje é chique esse visual mais descolado. Bem em
se falando de música Maranhense e de conhecimento do mundo inteiro que somos a
Jamaica Brasileira, pouco ou nada se sabe da tal MPM (Musica Popular
Maranhense), porém que existe rock no Maranhão? Existe sim, e sobre esse
assunto falaremos muito mais em próximas publicações.
Bandas Maranhenses.
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Let´s rock baby