MÚSICA PERIFÉRICA BRASILEIRA |
Por Natan Castro
Uma das ou talvez a maior expressão de uma
música genuinamente brasileira que é o samba, surgiu na periferia do Rio de
Janeiro, quando as informações rítmicas viajaram da Bahia para o Rio de
Janeiro, foi no morro que mestres como Cartola, Carlos Cachaça e outros com as
informações em mãos realizaram as últimas experimentações para dar cabo ao que
hoje conhecemos como samba.
Quando o Hip Hop invadiu a periferia das
cidades brasileiras na década de 80, primeiramente em SP/RJ e consequentemente
logo depois os outros centros, ele só veio continuar uma tradição que o samba
já havia iniciado décadas atrás. Apesar de ser uma sonoridade surgida nos
guetos Nova Iorquinos o discurso do Hip Hop se encaixou perfeitamente nas periferias
do Brasil, como um canal de comunicação ele só cresceu com o passar do tempo,
desde o mega sucesso deflagrado no meio musical pelo Racionais MC`s nos anos
90, diversos grupos e artistas embarcaram na onda. Hoje podemos dizer que a
cultura Hip Hop é uma realidade objetiva, com seus preceitos dialogando a todo
momento com as agendas sociais do país, dentre elas racismo, pobreza, feminismo
e etc.
Nos últimos anos o cenário da música
brasileira vem se deparando cada vez mais com artistas de imenso talento
artístico e musical advindos da periferia. Bem recentemente começou-se a falar
da nova MPB, que nada mais é que Música
Periférica Brasileira. Na atualidade precisamos dar nomes aos bois, aos
novos produtos musicais surgidos na periferia frutos dessas tantas e diversas
exclusões sociais.
Criolo
Compositor advindo dos meios do Hip Hop de São
Paulo, Criolo é filho de pais nordestinos. O músico já havia lançado um primeiro
disco que não obteve tanta expressão,
somente com o seu segundo disco chamado Nó na Orelha de 2011, que a música de Criolo começou a chamar atenção, o disco chegou ao meio musical festejado por
gente como Caetano e Chico Buarque. Além de premiadíssimo em prêmios de música
no Brasil o artista com esse disco chegou a realizar importantes apresentações
na Europa e outros centros. Detentor de uma forma bastante peculiar de escrever
suas letras, o Mc realizou a melhor inclusão do Rap na música popular brasileira, nesse
disco o artista contou com um naipe de músicos de grandessíssima qualidade,
nele Criolo não só flertou com a MPB clássica mais também com o Afrobeat, tango
e reggae. Depois de Nó na Orelha o artista lançou Convoque Seu Buda em 2014, também como uma ótima aceitação de
público e critica. Criolo é tido como o primeiro grande nome a ser deflagrado
pela nova MPB (Música Periférica Brasileira).
Yzalú
Mulher, negra, filha da periferia e deficiente
física. Yzalú é uma cantora paulista do ABC, recentemente seu nome passou a ser
percebido cada vez mais nas resenhas musicais voltadas a novos nomes da nova
MPB, não é por acaso, a qualidade musical de Yzalú é perceptível logo na
primeira audição, suas referencias são grandes nomes da música negra nacional e
claro de artistas de Hip Hop. Com um discurso afiado com o assunto é o papel da
mulher negra na sociedade, a artista fala com propriedade, ela carrega um dos
discursos mais afiados sobre as mazelas de ser mulher, negra e deficiente
física hoje no país. No momento a cantora está no processo de lançamento de seu
primeiro disco Minha Bossa é Treta.
Liniker
Recentemente nas redes sociais um nome começou
a causar um certo buxixo, o motivo do burburinho foram as canções de Liniker
que começaram a ser divulgadas, no primeiro vídeo em poucos dias já havia mais
de um milhão de visualizações no youtube. Ele é negro e gay o cantor de
Araraquara (SP) que tem se chama Liniker por conta da homenagem de um tio ao
jogador de futebol com o mesmo nome. A música de Liniker é toda calcada no
Soul, com fortes influencias de samba rock, influência vinda do gosto musical
de sua mãe. Algo chama atenção nesse novo nome da música negra nacional é o
fato de Liniker se apresentar vestido de mulher, a bandeira da diversidade de
gênero é citada como parte integrante do seu trabalho, segundo ele o seu corpo
é uma arma no seu fazer artístico. O cantor e compositor de 20 anos é estudante
de teatro e cita Etta James, Nina Simone e o samba rock nacional como maiores
influencias musicais. O artista lançou em 2015 o EP (CRU) canções como Louise
du Brésil e Caeu dão mostra de como é promissor o futuro desse artista no
cenário da música brasileira. Liniker junto de Criolo e Yzalú fecham a trinca
dos nomes de maior expressão da boa e nova leva da MPB.
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