Por Natan Castro
Sendo psicodelia o Brasil
pode se gabar sempre que puder, no final dos anos 60 e inicio dos anos 70 temos
talvez uma das maiores bandas do estilo de todos os tempos Os Mutantes. Nos anos
80 é indispensável falar do Violeta de Outono banda paulista que em meio a new
wave produziu álbuns antológicos revisitando a sonoridade. Anos 90 vamos citar
advinda do Rio Grande do Sul a viagem sonora de Júpiter Maça e do nordeste mais
precisamente de Alagoas os caras do Mopho banda importantíssima para o cenário
alternativo nacional.
Em 2013 surgiu em Goiânia os
Boogarins, a banda nesse período lançou o elogiadíssimo As Plantas Que Curam, e apanhou todos de calça curta, para um
primeiro disco de uma banda sem estrada percorrida, lançar um disco tão original
e ainda por cima com uma sonoridade voltada única e exclusivamente para a
psicodelia. Não foi normal, não é e acredito que jamais será. O disco foi meio
que todo realizado no formato Lo-fi contendo doses cavalares de lisergia, o
trabalho chamou a atenção do selo gringo Other-Music, com direito a shows em
festivais europeus e americanos. Apesar da crueza da produção o disco não
deixou a desejar a ninguém dos novos nomes atuais que basearam seus trabalhos
na psicodelia, como exemplo mais festejado do momento os caras do Tame Impala.
Mas os Boogarins até então
poderia ser somente um brilho de estrela inconstante que logo se confundiria
com diversas outras bandas que andam por ai apagadas. Faltava o teste principal,
o estigma do segundo disco, aquele que ajuda as desconfianças caírem por terra,
e ainda pouco em outubro de 2015 o grupo lançou Manual ou Guia Livre Para a Dissolução dos Sonhos, o disco foi
gravado parte na Espanha e parte no Brasil. Com esse segundo disco o alvo não
só foi acertado, mas destruído por total. Tudo nesse manual do Boogarins é
correto e colocado com destreza cirúrgica, a produção mais profissional só fez
crescer a qualidade dos arranjos da banda.
Nesse segundo disco você poderá
até lembrar de algum outro disco de algum outro artista ou banda. Mas desista
se existem referencias são ínfimas os arranjos acertadíssimos que quase sempre
tem o baixo direcionando o restante dos instrumentos é uma marca do disco. Um detalhe interessante é
que quase inexiste efeitos cosmonáuticos , firulas e outras cositas
mas que nos remetem a sons oníricos. Os arranjos são objetivos em sua essência,
quando alcança as nuvens a banda acerta nos timbres da guitarra e em singelos
efeitos na voz do vocalista Dinho. As letras sim nos dão conta de como foi
feita a dissolução dos sonhos proposta pelo quarteto. A última vez que o Brasil
teve uma banda causando alarde na gringa foi o Cansei de ser Sexy isso já faz uns dez anos e quando a poeira
baixou, deitou de vez, com os Goianos do Boogarins nos parece que o buraco é
bem mais embaixo, eles parecem saber o exatamente qual a toca onde o coelho costuma
se esconder. Não há duvidas melhor disco do ano na categoria rock daqui e
porque não dizer da gringa também, afinal temos ou não história na psicodelia
mundial para afirmar isso?
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