12 de nov. de 2015

NIRVANA - Porque eles são reconhecidamente a mais importante banda de rock dos últimos tempos



Um dos símbolos mais marcantes do rock, talvez seja o poder de ter nas obras produzidas por seus artistas e bandas essa atemporalidade, algo que é seminal para sua importância como fenômeno cultural e artístico. Não há diferença alguma entre uma pincelada de um pintor como Pablo Picasso e um acorde de Paul McCartney ambos lidam com o campo das ideias, a arte surge primeiro no campo onírico das ideias para logo depois vir a tona aos olhos de todos no caso de Picasso e no caso de McCartney aos nossos ouvidos.


Mas a arte além de ser atemporal, ela também não foi e nunca será estática. Assim como as escolas que eternizaram a vanguarda artística, com estéticas como a do surrealismo que acabou sendo apreendida e produzida no campo da poesia, o teatro, a pintura e a própria música. O rock como gênero musical sempre necessitou dessa renovação, em diversos momentos o rock que parecia já ultrapassado por uma nova geração, foi renovado por ela mesma e assim sucessivamente. Esse fenômeno camaleônico de sempre se renovar é uma das características que o sustentam como substrato sonoro-sociológico nesses quase sessenta anos de existência.

A década de 80 com seus Anjos e Demônios



Nos anos 80 diferente da deflagração de novos sub-gêneros do rock por parte da critica especializada. Os próprios músicos e bandas começaram a forjar as denominações e meio que direcionarem o rumo de cada movimento. Então tivemos a New Wave do rock pop, tivemos a New Wave do rock pesado, tivemos os góticos ingleses, tivemos os hardcore americanos, o crossover, a new psicodelia do verão de 1988, correndo por fora o inicio da dinastia de Michael Jackson e Madonna trazendo para si o titulo de novo rei e nova rainha da música pop, que antes era centralizada toda sobre a marca poderosa dos Beatles.

Por volta da segunda metade da década até o final, começaram a aparecer bandas que numa primeira análise representavam uma dissidência com toda a atitude do metal verdadeiro iniciadas pelo Iron Maiden, Judas Priest, Motorhead. Isso pelo motivo da estética ter se glamourizado demais, ficaram conhecidos como “Metal Farofa” e tinham como características calças de couro coladíssimas, cabelos compridos e esvoaçados, letras de qualidade duvidosa, muita maquiagem e finalizando eram conhecidos como “destruidores de quartos de hotel”, as bandas mais conhecidas foram, Guns ’n’ Roses, Motley Crue, Poison, Twisted Sister, Withesnake. O rock ficou meio que banalizado, chato, empobrecido em estética e qualidade sonora abaixo da média.

Dos porões da fria Seattle surgia uma luz brilhante no fim do túnel

O rock de garagem sempre existiu desde os primórdios dos anos 50 e claro sempre vai existir, é lá que todo moleque rebelde coloca a agitação de seus hormônios adolescentes em cima de um instrumento, e muito das vezes quanto menos se espera nasce uma nova mutação, dessas experiências sonoras que o rock tanto necessita para seu misterioso processo de renovação.


No final dos anos 80, esse processo silencioso acabou se dando na cidade de Seattle nos Estados Unidos. O ambiente underground de Seattle existia tal que existia no restante dos Estados Unidos, na Europa, na América Latina e em outros cantos do globo. Mas quiseram os deuses do rock que ali naquela cidade frienta, que anos atrás tinha nos dado o maior guitarrista de todos os tempos, nascesse exatamente no final da década a maior banda de rock dos últimos tempos. O Nirvana de Kris Novoselic (Baixo), Dave Grohl (Bateria) e Kurt Cobain (Guitarra).

Nirvana, da garagem aos maiores palcos de música do planeta


Das bandas da cena underground de Seattle o Nirvana era uma das melhores, como líder um cara magro, cabelos loiros, viciados em drogas pesadíssimas e se não bastasse maníaco-depressivo. O rock não escolhe seus heróis, nunca escolheu não existe nenhuma logica entre sucesso e vida pessoal, quando o assunto são astros do rock. Kurt Cobain havia sido tal qual John Lennon meio que desprezado por sua mãe desde muito cedo, morou na rua, comeu o pão amassado pelo capetas e todos os seus asseclas. Mas teve uma alma caridosa que não sabemos por que cargas d’água sempre acreditou no seu talento, uma namorada que durante um tempo acolheu o músico em sua casa, dando grana, comida, roupa lavada e o deixando livre para colocar suas ideias pra frente.


Mas Kurt Cobain não era somente uma doidão drogado de plantão, ele como poucos estudou a fundo tudo que havia sido produzido de importante o rock nos anos que precederam a chegada de Nirvana. Quando esteve no Brasil numa entrevista a MTV, falou com muito carinho dos Mutantes, falando inclusive da importância da banda para a música brasileira, chegando a deixar um bilhete de agradecimento a Arnaldo Baptista pela sua genialidade musical.



Kurt Cobain diferente do que muitos possam pensar estava certo de toda a revolução que ele podia causar no rock, tanto ele sabia que depois que a banda explodiu mundialmente e ele se apercebeu que seu nome já estava gravado no livro dourado do gênero musical, ele mesmo o próprio Kurt Cobain como suicida que foi começou a deixar pistas do que ia acontecer. Em diversas musicas, inclusive em clipes vemos citações a armas de fogo, o próprio nome da banda numa análise mais profunda explica melhor essa análise. No acústico de Nova York meses antes do seu suicídio, se verificarmos no cenário da apresentação podemos observar velas brancas, lírios brancos, sem que todos percebessem ele estava se despedindo e ele curtiu aquele momento com toda a dor ou alegria possível, e quem somos nós hoje para julgar o gênio.



Nevermind, o estopim de uma revolução

O nirvana a maior banda de rock dos últimos tempos, escalou o muro quase intransponível do mainstream e usou como escada um disco chamado Nevermind. Com isso eles inovaram porque até então nenhuma banda do underground não havia conseguido algo parecido, eles não só conseguiram chegar lá, como chegaram com toda a propriedade possível, sem vender o que eles tinham de melhor sua qualidade musical, o disco todo foi feito e produzido aos moldes do trio. Houve a produção de um grande produtor o Butch Vig, mas depois de tanto tempo estudando e construindo uma sonoridade totalmente autoral, só restava ao produtor enquadrar as ideias deles ao mundo comercial do mainstream. O resultado todos nós sabemos, se perfazia ali um mito que dura até hoje e vai durar durante muitos e muitos anos. Até que certo dia os deuses do rock e da música resolva dar noticias através de um cara ou uma garota ou uma banda de algum lugar qualquer desse enorme planeta, que surja com a missão de revolucionar a nossa forma de escutar, de nos comportar e até de nos vivermos.

 

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