26 de set. de 2015

Robert Johnson – Como ele se tornou o músico mais influente da música moderna


Por Natan Castro

Nelson Rodrigues certa vez disse que toda unanimidade é burra. Guardado os devidos exageros a afirmação do dramaturgo bem como toda regra possui suas exceções. Em se falando de música, se voltarmos um pouco no tempo lembraremos que gênios como Beethoven e Mozart são exemplos tácitos dessa exceção. Em se falando de música moderna um nome bastante expressivo sempre vem a mente quando o assunto é grau de influencia sobre uma determinada geração de músicos, esse cara é Robert  Johnson o bluesman mais importante de todos os tempos.

Aos leigos a primeira informação que vem a mente é de como deve ser extensa a obra desse artista. Ledo engano o lendário bluesman tem somente 29 canções gravadas, e pasmem todas gravadas de forma bastante rústica e simples, somente no formato voz e violão sem mais nenhum instrumento como forma de acompanhamento. Outra verdade é que ele o próprio Robert Johnson não viveu para ver todo seu sucesso e o mar de músicos que se dizem além de fascinados por sua música, influenciados por ela também.

Podemos dizer que a musica pop se confunde com a chegada do rock’n’roll e nem é exagero dizer que nesses sessenta anos de vida, nenhum outro artista conseguiu ser tão influente quanto Robert Johnson consegue ser. Muito se fala que o estigma de bluesman maldito por conta de um suposto pacto feito com o capeta, e também o fato de ter morrido bem jovem aos 27 anos, seria uma das causas da sua fama e a personificação do seu mito. Mas a grande verdade é que seu mito vai muito mais além que essas primeiras impressões.

ROBERT JOHNSON E O INICIO DA VIDA DURA NOS CAMPOS DE ALGODÃO

 Robert Johnson é o primeiro filho do segundo casamento de sua mãe. O jovem músico não conseguiu fugir da regra e assim como os jovens negros que moravam em regiões próximas a plantações de algodão as margens do rio Mississípi, colher algodão foi o seu trabalho durante toda a juventude. A aptidão pela música veio primeiro através de uma gaita, chegando inclusive a ser um ótimo tocador de gaita. Diz a lenda que depois de assistir uma apresentação de Son House outro lendário bluesman e seu contemporâneo o jovem Robert Johnson decide aprender a tocar como seu ídolo. Após a apresentação segundo confirmou mais tarde o próprio Son House Robert Johnson insistiu que o mesmo o ensinasse a sua técnica, o jovem queria aprender a tocar exatamente como o bluesman, mas Son House de forma alguma atendeu aos pedidos do jovem Robert Johnson.


Diz a lenda que o músico era um negro bonito, mas bastante tímido. Por volta dos dezoito anos ele se apaixona por Virginia Travis que tinha no período dezesseis anos, chegando a se casar com ela em fevereiro de 1929, a jovem chega a engravidar de Robert Johnson porém no dia 30 de Abril de 1930 após complicações no parto morre ela e a criança. Tal acontecimento encheu a consciência do bluesman de culpa, haja vista que a família da jovem dizia que o acontecido tinha sido castigo por conta das canções profanas que o jovem músico insistia em tocar no seu violão. Depois da tragédia Robert Johnson começa a viver uma vida de andarilho, o que se tornou uma marca pessoal até o final de sua vida. Dizem alguns que nesse período o músico possivelmente tenha ido atrás de seu pai que não via há bastante tempo, mas a empreitada tornou-se com o tempo sem êxito.

TODA A VERDADE SOBRE O SUPOSTO PACTO COM O DIABO


A morte da sua mulher juntamente com seu filho ainda no seu ventre e a investida sem êxito em busca do seu pai, representaram para o jovem músico um balde de água fria nas suas pretensões familiares. Robert decide cair de vez na vida artística, mas a verdade era que até então o jovem era um músico muito aquém do que sempre desejou ser. Certo dia perambulando pela cidade Crystal Springs ele faz amizade com um famoso bluesman da época conhecido como Tommy Johnson que aceita lhe ensinar umas técnicas. Tommy também era conhecido na cidade por ter feito um pacto com o capeta, segundo diz a lenda teria sido Tommy quem o instruiu sobre como fazer o pacto.

Diz à lenda que numa noite de lua cheia estava Robert Johnson numa encruzilhada conhecida por Dockery’s Plantation no Mississipi, quando exatamente a meia noite um homem começa a descer a rua em direção ao cruzamento, então o jovem musico começa a dedilhar seu violão da melhor forma possível, porém sua técnica continua se mostrando ainda bastante fraca para o músico do qual desejava se tornar, nesse momento o homem se aproxima estende a mão, pedindo com o gesto o seu violão e começa a afiná-lo para logo depois começar a tocar algumas canções, depois de súbito para de tocar entrega o violão ao jovem musico dá um sorriso de repleta satisfação e vai embora, depois disso o musico começa a tocar, mas só que agora com uma tremenda facilidade e maestria. Assim segundo diz a lenda foi como se deu o suposto pacto com diabo em troca de uma técnica única de tocar o instrumento.


A verdade é que Tommy Johnson além de ensinar algumas técnicas a Robert também lhe apresentou outros artistas que também eram excelentes músicos, Robert Johnson chegava a tocar horas a fio durante a noite em cemitérios da cidade, buscando cada vez mais alcançar uma técnica própria que o fizesse ser o grande instrumentista que sempre sonhou em ser, e de tanto praticar com o tempo sim conseguiu chegar a uma técnica que podia se gabar de dizer que era sua, teria assim o musico criado a sua magistral forma de tocar blues.

O MONUMENTAL LEGADO E INFLUENCIA DO MÚSICO SOBRE OS GRANDES NOMES DO BLUES, JAZZ, ROCK, SOUL, FUNK E POP QUE CITAM O BLUESMAN COMO MESTRE.

O lendário músico morreu em 1938 depois de uma apresentação que fazia ao lado de outros músicos de blues, um deles teria sido Sonny Boy Williamson II, que chegou a alertar Robert sobre o drink que lhe foi oferecido pelo dono do bar, que estaria se sentido ofendido pelo fato de sua mulher estar se mostrando interessada por Robert Johnson, o drink envenenado é citado como explicação pelo fato do musico ter passado mal e morrer três dias depois de ingeri-lo.

Parte das gravações começaram a ser lançadas nos anos 60, fazendo a cabeça dos jovens músicos que encabeçavam naquele período o movimento do blues Inglês, entre eles Eric Clapton, Jeff Beck, Jimi Page e outros. A partir dai Robert Johnson começa a ser citado como influencia por gente como Brian Jones e Keith Richards dos Stones, desde então seu nome foi citado por quase todos os grandes nomes do jazz, rock, soul, funk, fusion, e da pop music. Na década de 90 foi lançado o disco com todas as canções gravadas por Robert Johnson e sua técnica passou a ser estudada por músicos do mundo inteiro.

Robert Johnson além de possuir uma técnica no instrumento única, possuía uma técnica vocal também bastante definida, uma voz forte e límpida, vezes doce, vezes impostada, dependendo da parte da canção que estava cantando. Diz a lenda que por saber que possuía um jeito especial de usar o instrumento, ao perceber que estava sendo bastante notado ao tocar, chegava a se voltar de costas ao publico, com medo de ser imitado por qualquer outro musico. Uma marca que o fez se diferenciar dos bluesman anteriores a ele, é que ao escutá-lo tocar temos a impressão de terem dois violões tocando a canção, quando na verdade é somente um. As letras de suas canções quase sempre contam uma história, essa também é uma característica introduzida por ele no blues, suas musicas possuem inicio, meio e um fim.


Existe o blues antes e depois de Robert Johnson, assim também como uma nova música. A dita canção moderna que logo depois foi sendo lapidada por nomes como Burt Bacharach, Elvis Presley, Bob Dylan, Beatles e todos os outros grandes nomes que lhe sucederam, sem duvidas devem muito a esse negro advindo das regiões de plantações de algodão das margens do rio Mississipi que forjou um pacto criando talvez a primeira jogada de marketing da industria musical, sendo ele o maior bluesman de todos os tempos Robert Johnson. 



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