Nenhum outro estilo musical
esteve ligado ao descontentamento politico-econômico-social como rock desde
seus primórdios. É bem verdade que sempre houve um embate entre rock e
politica, que desde sempre se mostraram como coisas antagônicas, um dos
primeiros exemplos disso foi o estardalhaço que as apresentações de Elvis
Presley causaram na sociedade americana dos anos 50. A dança sensual do artista
foi tida como altamente prejudicial para a juventude da época, a ponto de em
algumas apresentações na televisão a câmera só filmar o cantor da cintura para
cima.
Mas foi através de letras
compostas para canções de protesto que se delineou de forma bastante clara essa
guerra entre o rock e a politica. Assim como água e vinho, açúcar e sal, água e
fogo, o rock desde seus primeiros anos nunca compactuou com as erradas praticas
politicas, quase sempre representou uma pedra no caminho do poder estabelecido.
Um dos primeiros artistas a atacar veemente através de suas composições o
status-quo foi Mr. Bob Dylan, nos primeiros anos de sua carreira algumas canções
tratam conscientemente do tema. E uma das mais conhecidas é o hino de toda uma
geração Master Of War:
Os Beatles logo depois
também entraram na briga, na sua segunda parte dos anos sessenta, a banda havia
deixado para trás a temática adolescente das canções e mergulhado em temas mais
existenciais, nesse período Lennon & McCartney compuseram uma canção que
deixou Brian Epstein o empresário da banda de cabelos em pé, Revolution era descaradamente um recado
dos dois para o absurdo que representava a guerra do Vietnã, segundo alguns biógrafos
começava nesse momento uma briga que duraria anos entre o FBI e John Lennon.
Na virada dos anos sessenta
para os anos setenta, uma banda americana chamada MC5 considerada uma das
primeiras bandas punk da história, lançaram Kick
Out the Jams, que foi um álbum gravado ao vivo recheado de palavrões e
ideias revolucionárias. Mais tarde no ano de 1977 com o surgimento do Sex
Pistols no Reino Unido e do Punk de Nova York diversas bandas abraçaram a causa
e produziram diversos álbuns escancarando criticas ferozes aos regimes
políticos e uma parcela da sociedade careta e conservadora.
NO BRASIL
No Brasil a classe artística
também travou diversas brigas com a classe politica desde os anos sessenta
iniciando com o pessoal da Tropicália de Gilberto Gil e Caetano Veloso, o
movimento tropicalista no seu cerne sempre foi um movimento de reestruturações
estéticas e politicas também, haja vista ter surgido nos anos de chumbo da
ditadura, onde alguns de seus integrantes chegaram a serem exilados em outros
países. Numa outra vertente Raul Seixas e Paulo Coelho sofreram na pele a
truculência de uma ditadura que sempre desconfiava de toda e qualquer
movimentação que envolvesse ideias novas, que parecessem aos olhos da máquina
repressora algo subversivo e transgressivo. Os dois também foram deportados
para fora do Brasil nos anos setenta por terem iniciado o projeto de uma
Sociedade Alternativa, onde os valores seriam invertidos, seria uma comunidade
no centro do Brasil onde o advogado seria o não advogado, o deputado seria o
não deputado e por ai vai.
Ainda nesse período um
pessoal de Minas Gerais que ficaram conhecidos como a turma do Clube da
Esquina, iniciou um movimento musical que tinha nas entrelinhas de suas canções
diversas criticas ao regime ditatorial que assolava a nação naqueles anos. E no
final da década e inicio dos anos oitenta o chamado Rock de Brasília explodiu
nas rádios do Brasil inteiro com letras que descaradamente faziam alusão ao
descaso político-social que o país passava desde o golpe de 64, bandas como
Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude tiveram suas composições cantadas
por milhares de jovens no território nacional, essas canções imortalizaram um período
onde a nação inteira ansiava pela abertura politica e eleições diretas. O Brasil
diferente de algumas nações pouco evoluiu em relação as suas práticas
politicas, e desse período para cá poucas foram as bandas do dito mainstream
nacional que ousaram meter a boca no microfone e produzir canções de protesto,
muitos dizem que isso se deu pelo motivo da esquerda que em décadas atrás
estava com a classe artística ter chegado ao poder. Essa mesma esquerda que
sofria com a máquina repressora da ditadura militar e hoje se encontra alçada
ao poder, não reprime mais artistas e a juventude em geral, porém causam danos incalculáveis
a sociedade disseminando um mar de corrupção e vários outras práticas execráveis
advindas de um gene maquiavélico dos tempos coloniais.
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Let´s rock baby