Por Natan Castro
Quando o assunto é rock nacional dos anos oitenta, logo vem a
cabeça nomes como Legião Urbana, Paralamas, Kid Abelha, Titãs só pra citar
alguns com grandes vendagens de discos. Mas não só de medalhões como
esses citados acima viveu aquela geração do rock nacional, havia também naquela
década algumas bandas que se imortalizaram no dito underground, ou seja,
enquanto algumas bandas estavam nos programas de televisão e em programas de
rádio com altos índices de audiências, essas bandas tocavam em rádios ditas
malditas como a Radio Fluminense do Rio de Janeiro, tocavam em concertos
reservados ao público universitário em teatros, apresentações sempre em locais
pequenos, mas com certeza de público cativo.
Dessas pérolas do underground do rock nacional dos anos
oitenta, três nomes se sobressaem a meu ver das demais, são eles:
FINIS AFRICAE
Banda proveniente de Brasília que está ligada a segunda leva
de bandas que saíram do Distrito Federal rumo ao sul do país. O nome quer dizer
“nos limites da África”, o titulo foi retirado de um livro do Umberto Eco, a
proposta dos integrantes desde o inicio, foi fazer a junção de ritmos africanos
com a soul music e o funk, tudo isso com uma postura post-punk. A banda teve
como padrinhos nomes de peso do rock do cerrado como Renato Russo e Heberth
Viana, era visível a qualidade da banda desde os primeiros shows. Outro detalhe
que chama atenção até hoje ao escutarmos o único disco lançado é a qualidade
das letras. Desse álbum temos o sucesso “Armadilhas”, com outras grandes canções dentre elas “Ética”,
“Deus Ateu”, “Mentiras” todas banhadas de cunho existencialista e político.
Finis Africae foi um grande nome daquela segunda leva de bandas de Brasília,
embora tenha passado por algumas modificações na sua formação a banda nunca se
vendeu aos modismos passageiros da industrial musical. Após algumas
interrupções nas suas atividades dos anos oitenta pra cá, eles estão envolvidos
nesse momento na produção de um DVD. Na espera dessa novidade está uma legião
de admiradores sedentos por participarem desse novo capitulo da história dessa
grande banda Brasiliense.
UNS & OUTROS
Se você nunca escutou a canção “Carta aos Missionários”
nesses últimos dezoito anos em terras brasileiras, talvez você não seja de fato
desse país. Diferente da banda anterior a banda em questão possui uma música
que é citada pela critica como um dos hinos da geração do rock dos anos
oitenta. Apesar do fato de possuir um grande sucesso radiofônico a banda Uns
& Outros se enquadra sim no rotulo de banda underground dos anos oitenta. Vindos
do Rio de Janeiro os músicos da banda foram influenciados pelo melhor do rock
inglês daquela década, Marcelo Hayena é o letrista de grandes canções como a já
citada, e outras como “Dias Vermelhos” “Cristo na Parede”, “Depois do Temporal”,
todas contendo uma riqueza poética latente, envoltas em imagens simbólicas as
letras de Marcelo Hayena juntamente com um instrumental calcado no post-punk,
fazem do Uns & Outros, outro grande nome do rock nacional underground.
HOJERIZAH
Por fim uma banda que se sobressai sobre as demais, além de
possuir alguns sucessos que até hoje tocam nas rádios especializadas, possui
também um dos maiores letristas do rock nacional em todos os tempos, e um
vocalista detentor de um timbre vocal bastante autoral. São eles o vocalista e
front-man Toni Platão e o letrista e guitarrista Flavio Murrah. Canções como “Pros
que estão em casa”, “Inocente Flor” e “Tempestade em Viena” figuram no inconsciente
coletivo de todo brasileiro que possui um ouvido mais apurado. A banda chegou a
lançar três álbuns e encerrou suas atividades no inicio dos anos noventa, mas
com a atual moda revival dos anos oitenta, pode ser vista em alguns shows que hoje
revisitam aquela década. O grande letrista e guitarrista Flavio Murrah é
segundo alguns adepto da religião evangélica na atualidade, o fato por detrás
dessa escolha por essa religião teria sido um surto psicótico sofrido nos anos noventa.
Hojerizah a banda é hoje uma marca que passeia elegantemente pelo mainstream e
pelo underground com a propriedade que poucas bandas que conheço conseguem
fazer. Sem dúvida um grande nome do rock feito de verdade em nosso país.
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