Por Natan Castro
Foi-se o tempo
que Dave Mustaine era visto como um rockstar inconsequente tido a bebedeiras
homéricas fruto de instintos adolescentes mal resolvidos na cabeça de um adulto.
Muito dessa fama se deve ao período inicial da sua carreira quando fez parte da
formação original do Metallica. Com o passar do tempo o cara virou um dos
principais front-man do rock pesado, a frente do Megadeth conseguiu juntar
milhares de fãs ao redor do mundo. Os discos da banda sempre primaram por um apuro
técnico imprescindível na reprodução dos conceitos estéticos do Trash Metal, a
impressão que tínhamos era de discos produzidos numa linha de montagem ou algo
como uma faculdade tradicional do metal, onde nunca fora permitido fugir das
regras primeiras do estilo sonoro.
Dave Mustaine com
o passar dos discos passou a usar sua ousadia sonora como marca bastante definida,
a ousadia definiu-se pela rotatividade de músicos na formação da banda. Nos
últimos anos a formação teve a volta do baixista Dave Ellefson, integrante da
formação clássica Dave ficou conhecido como fiel escudeiro de Dave Mustaine em
grandes sucessos da banda como o clássico Rust In Peace. Para o mais novo intento
sonoro da dupla chamado de Dystopia, foi convidado para assumir as baquetas Cris
Adller (Lamb Of God) e para a vaga da outra guitarra o brasileiro Kiko Loureiro
(Angra).
O resultado é a
dianteira dos novos rumos do “rock pesado”, leia-se Heavy e Trash Metal estilos
onde o Megadeth sempre transitou desde o inicio de suas atividades. Dystopia é
pra lá de certeiro em suas intenções, a perfeita inversão utópica existente por
detrás do conceito de Dystopia, talvez só fosse possível por conta da primazia
técnica trazida pelos novos integrantes. Mustaine já flerta com os temperos
guitarristicos advindos do Brasil a certo tempo, no final dos anos 90 o líder da
banda fez um convite ao guitarrista baiano Pepeu Gomes que o recusou, alguns
anos depois verificou a possibilidade com Kiko Loureiro e bingo ele acertou em
cheio. As guitarras compostas por Kiko no disco em momento algum nos levam a
mente os solos prog-metal-melódico de seus trabalhos no Angra. O que
impressiona é a facilidade de adaptação a novos caminhos sonoros, nenhum outro
guitarrista talvez alcançasse a versatilidade de riffs e solos de Kiko
Loureiro, tudo colocado com um melindre cirúrgico. Na bateria talvez o mais
criativo baterista do rock pesado da atualidade, Cris Adller destila seu bumbo
duplo para todos os lados, mas como Kiko Loureiro não o faz somente por fazer,
usa e abusa da certeza de acelerar e suavizar nos momentos propícios. Não nos
sobra dúvida alguma que esse Dystopia é de longe ou de perto um dos melhores álbuns
do ano, além de jogar luz em caminhos futuros da música pesada, ele provou de
uma vez por todas que nos últimos anos Dave Mustaine está muito, mais muito
além de seus antigos amigos do velho Metallica.
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