2 de abr. de 2016

Dystopia - A Realidade Invertida Pelo Prisma do Megadeth



Por Natan Castro

Foi-se o tempo que Dave Mustaine era visto como um rockstar inconsequente tido a bebedeiras homéricas fruto de instintos adolescentes mal resolvidos na cabeça de um adulto. Muito dessa fama se deve ao período inicial da sua carreira quando fez parte da formação original do Metallica. Com o passar do tempo o cara virou um dos principais front-man do rock pesado, a frente do Megadeth conseguiu juntar milhares de fãs ao redor do mundo. Os discos da banda sempre primaram por um apuro técnico imprescindível na reprodução dos conceitos estéticos do Trash Metal, a impressão que tínhamos era de discos produzidos numa linha de montagem ou algo como uma faculdade tradicional do metal, onde nunca fora permitido fugir das regras primeiras do estilo sonoro.

Dave Mustaine com o passar dos discos passou a usar sua ousadia sonora como marca bastante definida, a ousadia definiu-se pela rotatividade de músicos na formação da banda. Nos últimos anos a formação teve a volta do baixista Dave Ellefson, integrante da formação clássica Dave ficou conhecido como fiel escudeiro de Dave Mustaine em grandes sucessos da banda como o clássico Rust In Peace. Para o mais novo intento sonoro da dupla chamado de Dystopia, foi convidado para assumir as baquetas Cris Adller (Lamb Of God) e para a vaga da outra guitarra o brasileiro Kiko Loureiro (Angra).

O resultado é a dianteira dos novos rumos do “rock pesado”, leia-se Heavy e Trash Metal estilos onde o Megadeth sempre transitou desde o inicio de suas atividades. Dystopia é pra lá de certeiro em suas intenções, a perfeita inversão utópica existente por detrás do conceito de Dystopia, talvez só fosse possível por conta da primazia técnica trazida pelos novos integrantes. Mustaine já flerta com os temperos guitarristicos advindos do Brasil a certo tempo, no final dos anos 90 o líder da banda fez um convite ao guitarrista baiano Pepeu Gomes que o recusou, alguns anos depois verificou a possibilidade com Kiko Loureiro e bingo ele acertou em cheio. As guitarras compostas por Kiko no disco em momento algum nos levam a mente os solos prog-metal-melódico de seus trabalhos no Angra. O que impressiona é a facilidade de adaptação a novos caminhos sonoros, nenhum outro guitarrista talvez alcançasse a versatilidade de riffs e solos de Kiko Loureiro, tudo colocado com um melindre cirúrgico. Na bateria talvez o mais criativo baterista do rock pesado da atualidade, Cris Adller destila seu bumbo duplo para todos os lados, mas como Kiko Loureiro não o faz somente por fazer, usa e abusa da certeza de acelerar e suavizar nos momentos propícios. Não nos sobra dúvida alguma que esse Dystopia é de longe ou de perto um dos melhores álbuns do ano, além de jogar luz em caminhos futuros da música pesada, ele provou de uma vez por todas que nos últimos anos Dave Mustaine está muito, mais muito além de seus antigos amigos do velho Metallica.


            

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