Por Natan Castro
A importância de um artista
do quilate de Lou Reed para a geração dos 60 e 70 é gigantesca. Com o Velvet
Underground eles sabiam, eles tinham a consciência do que representava o
material dos três discos, Andy Warhol o maior artista da pop-art não estava
errado quando resolveu acolher aqueles músicos, ele tinha a certeza como
artista que era, que aquilo ainda que fora dos formatos pop do rock’n’roll de
até então, era arte pura. Mas o Velvet Underground só reverberou entre a classe
artística mais descolada, a turma da vanguarda. Em se falando de retorno
financeiro o próprio Lou Reed relata que o que recebeu de direitos sobre esse período
é irrisório em relação a sua carreira solo.
Quando resolveu gravar o seu
segundo disco solo Transformer Lou
Reed buscava o seu devido reconhecimento como grande artista que era. Mas para
isso ele tinha a plena certeza que devia mudar as coisas, as experiências de
vanguarda foram absurdamente valiosas, mas dali pra frente ele deveria tomar um
novo rumo. O convite a David Bowie
para produzir o disco foi acertadíssimo, David trouxe consigo Ronson outro grande alquimista da música
pop daqueles anos.
Talvez uma das
características mais marcantes da arte pós-moderna é o fato de sua matéria
prima ser retirada quase que exclusivamente das experiências do cotidiano.
Algumas vezes essas matérias primas vão ser resgatadas no inconsciente e ainda
assim é fruto de experiências reais do dia a dia. Lou Reed é o precursor de uma
crônica urbana no texto poético contido nas letras de rock’n’roll. Ele tinha
dois monstros na produção, tinha a plena certeza do peso das letras que havia
escrito para o disco, havia escolhido Londres para a produção e gravação. Sendo
assim todos os cuidados tinham sidos tomados para o nascimento de um disco
genial.
As temáticas das letras
foram retiradas das suas experiências no período que morou e frequentou o
ateliê de Andy Warhol, nesse local as experiências com arte de vanguarda
envolvendo pintura e cinema foi ao limite daquilo que se podia alcançar com a
criatividade. Os acontecimentos cantados nos versos das canções muito das vezes
aconteceram com pessoas que Lou Reed nem conhecia, algumas somente de vista,
mas relatos que ele ouvia sobre esses personagens eram usados por ele nas
letras e foram elas que fizeram parte desse disco sensacional. Das canções do
disco somente Wall On The Wild Side que
foi baseada num livro do escritor Julien Green, as demais músicas foram compostas
a partir dessas histórias escutadas por ele ou vivenciadas. Lou Reed foi o
primeiro a descer os olhos para os bueiros, as esquinas esfumaçadas, o ambiente
pesado das prostitutas, traficantes, viciados, trapaceiros e todo tipo de
personagem ultrajante das grandes cidades,
no caso de Lou Reed a cidade era Nova York.
O disco tem ainda grandes
canções como Andy`s Chest e uma das
músicas mais belas de todo o cancioneiro da música pop a belíssima Perfect Day. Por mais que ele tenha dado
declarações que Transformer não passa
de mais um disco em sua discografia, no fundo no fundo Lou Reed sabe que esse
disco representou a transposição necessária que ele precisava para subir as
escadas dos subterrâneos rumo as luzes incandescentes do panteão do rock.
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